Racismo institucional Terreiro é alvo de ação de desocupação em Olinda

Publicado em: 28/10/2015 09:19 Atualizado em: 28/10/2015 10:26

Foto: Divulgação
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O Terreiro de Pai Ivon, localizado no bairro de Santa Teresa, em Olinda, está sendo alvo de uma ação de desocupação para posterior demolição na manhã desta quarta-feira. Na sexta-feira passada, o sacerdote Ivon Carlos recebeu a ordem, mas recorreu e conseguiu, no Fórum de Olinda, um prazo de oito dias para tentar reverter a ação.

A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foi acionada para tentar evitar a demolição do templo.  De acordo com Tiago Nagô, ativista de direitos humanos para os povos tradicionais, o terreiro é o último existente na Ilha do Maruim, após as últimas desapropriações realizadas pela Prefeitura de Olinda. "Não é uma residência comum, é um terreiro africano, que está sendo posto abaixo com o pretexto das reformas urbanas, para dar caminho a uma pista. Os povos de matrizes africanas não terão lugar para culturar, enquanto várias igrejas evangélicas estão sendo abertas na mesma comunidade. Eles estão desobedecendo a Lei Federal 12.288 de 2010, o Estatuto da Igualdade Racial", denuncia Tiago Nagô.

O ativista é idealizador de uma petição enviada ao presidente da OAB de Pernambuco que acusa a Prefeitura de Olinda, por da Secretaria de Obras, de racismo institucional. Segundo o relato 16 terreiros foram demolidos na cidade nos últimos cinco anos, sem qualquer tipo de indenização. “Afirmo que existe uma movimentação contra o livre exercício de nossa cultura na cidade. Antes de derrubar os terreiros, a Prefeitura alega que vai realizar o alargamento de canal, por exemplo. As pessoas são retiradas, mas a obra não é concluída. Além disso, acontece de o terreiro ser derrubado, mas casas ao redor ficarem em pé”. Ele acrescenta que a indenização devida ainda não foi recebida por ninguém. Não foram especificados quais terreiros teriam sido demolidos.

A Prefeitura de Olinda afirma que as desapropriações foram realizadas segundo “legislação pertinente”.A Prefeitura de Olinda informou, em nota, “que devido às obras de urbanização integrada do PAC (pavimentação, drenagem e saneamento básico) alguns imóveis precisaram ser desapropriados na cidade, sendo todos os procedimentos de desapropriação realizados de acordo com a legislação pertinente”. Já o presidente da OAB-PE, Pedro Henrique Reynaldo Alves, delegou aos integrantes da Comissão de Defesa da Igualdade Racial e Proteção aos Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais (CDIR) a missão de, in loco, averiguarem a questão. A comissão será Presidida pelo advogado Edvaldo Eustáquio Ramos, e apresentará parecer sobre o assunto em uma semana. Após o prazo, serão deliberadas as ações necessárias.

Com informações da repórter Laís Araújo



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