Saúde Paciente com cerca de 300kg aguarda transferência hospitalar; HGV é acusado de alta precoce Após uma queda, Bianka ficou 21 dias internada no Hospital Getúlio Vargas. Depois de receber alta, ela apresentou piora clínica, e agora necessita nova transferência hospitalar

Por: Laís Araújo - Diario de Pernambuco

Publicado em: 29/10/2015 20:02 Atualizado em: 29/10/2015 21:40

Registro da locomoção de Bianka após a queda. A família pediu para que, em respeito ao sofrimento da paciente, seu corpo não fosse exposto. Foto: Arquivo pessoal
Registro da locomoção de Bianka após a queda. A família pediu para que, em respeito ao sofrimento da paciente, seu corpo não fosse exposto. Foto: Arquivo pessoal

“Estamos muito aflitos, muito preocupados”, desabafa Bruneldo, irmão de Bianka Melazzi, pernambucana com cerca de 300 quilos e um quadro de saúde grave, com complicações desencadeadas de uma queda em sua casa. Atualmente internada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Jardim Paulista - após ter recebido alta do Hospital Getúlio Vargas (HGV) -, ela aguarda, sem previsão, o encaminhamento para uma clínica médica especializada. Sua família afirma que parte do atendimento médico realizado depois do acidente doméstico foi inapropriado e agravou sua condição física. Seu caso tem similaridades com o do paraibano Carlos Antônio dos Santos Freitas, o Carlinhos, que com 420kg foi internado para tratamento no Hospital das Clínicas de Pernambuco.

Foi afirmado pelo HGV que não há como transportar Bianka numa maca, mas a família afirma que o Corpo de Bombeiros realiza o transporte adequado. Foto: Arquivo pessoal
Foi afirmado pelo HGV que não há como transportar Bianka numa maca, mas a família afirma que o Corpo de Bombeiros realiza o transporte adequado. Foto: Arquivo pessoal
Com obesidade grau IV, Bianka, que desde criança sinalizava sobrepeso, sofre com diabetes, hipertensão e insuficiência respiratória. Também está com infecção urinária e impossibilitada de caminhar. “Uma equipe do Corpo de Bombeiros atendeu Bianka em casa. Ela estava caminhando com dificuldades quando caiu, e a queda acabou comprimindo seu corpo e piorando a situação respiratória”, relata o irmão. A dificuldade para caminhar antes da queda veio acompanhada de piora em sua dicção. Bruneldo também explica que, em adição aos problemas físicos, sua irmã tem déficit cognitivo e toma remédios controlados para ansiedade e saciar a fome.

Seu primeiro atendimento, após a locomoção realizada por equipe do Corpo de Bombeiros, foi na UPA de Jardim Paulista. Devido à gravidade do caso, logo no dia seguinte Bianka foi transferida para o Hospital Getúlio Vargas, localizado no bairro Cordeiro, onde permaneceu por 21 dias. Para o irmão, sua liberação foi precipitada. “Houve uma alta precoce de Bianka. Tanto que no caminho ela já passou mal. Ela foi levada num colchão, não numa maca, numa ambulância quente e sem o tubo de oxigênio. Foi um erro cometido com ela”, conta. A direção do HGV garante que a paciente só foi liberada após apresentar melhora clínica, e que durante o internamento recebeu toda a assistência necessária da equipe multidisciplinar da instituição.

Ainda, segundo a Secretaria de Saúde do Estado, o transporte com o colchão foi realizado por ser a forma encontrada para remover a paciente “com segurança e o mínimo de conforto”, já que, por pesar cerca de 300 quilos, não existe na unidade – ou em serviços de resgate – maca que possa suportá-la. Bruneldo garante, no entanto, que o Corpo de Bombeiros consegue realizar o transporte adequado da irmã. “Por que não chamaram os bombeiros? Eles conseguem transportá-la corretamente.” Desde que deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento, ela está consciente, mas precisa de equipamentos para auxiliar sua respiração. A expectativa – e maior dificuldade - da família é a transferência de Bianka Melazzi para um hospital que possibilite o tratamento da obesidade e das doenças associadas.

Seu irmão aponta como referência o caso de Carlinhos, que hoje faz tratamento físico e psicológico para emagrecimento no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “A gente indaga sobre a transferência e nos falam que agora não é possível, por isso estamos muito preocupados. A quadro de Bianka é muito grave, com muitos riscos. Gostaríamos que ela fosse tratada num hospital de referência como o Hospital das Clínicas, que aceitou Carlinhos. Por que não Bianka?”.  Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado informa que o quadro de Bianka é estável e que ela já estava na própria residência quando presentou intercorrências e piora clínica. É apontado ainda que a transferência para um hospital de referência já foi requisitada e pode acontecer a qualquer momento.



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