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Protesto Grupo organiza "beijaço" em frente a bar da Boa Vista nesta sexta-feira Integrantes de movimento LGBT denunciam que o bar Lisbela & Prisioneiros constrangeu duas mulheres que se beijavam no local

Por: Laís Araújo - Diario de Pernambuco

Publicado em: 17/09/2015 21:52 Atualizado em: 18/09/2015 17:48

Bar nega ato de lesbofobia e diz que o que aconteceu foi um mal-entendido. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press/Arquivo
Bar nega ato de lesbofobia e diz que o que aconteceu foi um mal-entendido. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press/Arquivo

Um protesto contra a lesbofobia foi convocado para esta sexta-feira em frente ao bar Lisbela & Prisioneiros. Localizado no Pátio de Santa Cruz, espaço da Boa Vista que ganhou novos empreendimentos recentemente, o estabelecimento é acusado pelo Núcleo de Pesquisas em Gênero e Masculinidades (Gema) de ter, por meio de funcionários da casa, constrangido duas mulheres que se beijavam no bar no fim de semana passado.

Segundo integrante do grupo, que estava presente durante o incidente, mas que prefere não se identificar, a ação preconceituosa aconteceu na madrugada do sábado passado. Após terem entrado para utilizar o banheiro pessoas esbarraram propositalmente em ambas, a ponto da cerveja que tomavam ser derrubada. Pouco tempo depois um funcionário teria pedido que elas parassem com “aquilo”.

“O funcionário falou que clientes haviam reclamado sobre nossa presença no local, que o ambiente era familiar. A invisibilidade da questão começa quando não se pode nem dar nome ao ato de duas mulheres se beijando. Não foi um mal-entendido, como o bar publicou no Facebook, foi um ato de discriminação.” Após a publicação da nota do grupo convocando um beijaço, manifestação que comumente acontece em locais com postura discriminatória à sexualidade, o estabelecimento publicou em seu Facebook uma nota convidando os clientes para o “evento”.

A postura desagradou os organizadores do protesto, que acusam o local de apropriação de um ato político para fins comerciais. “Isso prova que o estabelecimento não quer se responsabilizar nem se retratar pela ação discriminatória. Não acho que é uma questão individual, porque esse é um espaço que tem sido ocupado pela população LBGT e que tem uma importância histórica para a cidade, por isso muita gente não acredita que o bar teve esse posicionamento.”

As mulheres que sofreram a discriminação pensam em acionar a Lei Municipal 16.780, conhecida como Lei do Amor Livre, que prevê punição para qualquer ato discriminatório em função da orientação sexual no Recife.

CONVOCATÓRIA PARA BEIJAÇOEu quero o amor livre em Lisbela!18/09/201, sexta-feira, 21h* Pátio Santa Cruz, 438, centro...

Posted by Gema on Quarta, 16 de setembro de 2015


Bar nega lesbofobia
Para Marco Antônio, um dos proprietários do bar, a situação foi diferente. Ele também estava no estabelecimento durante o imbróglio, e, segundo ele, chegou a falar com as mulheres e pedir desculpas pelo que considera um mal-entendido. “As meninas estavam se beijando na entrada do toalete, e o que aconteceu foi que um dos seguranças pediu para que elas se afastassem. Eu pessoalmente pedi para que se afastassem da entrada, mas continuaram. Daí, um terceiro cliente entendeu errado o que acontecia e, pela confusão, eu me desculpei. Não foi um ato preconceituoso, 90% da minha clientela é LGBT e eu aceito e atendo todo mundo bem.”

Quando questionado sobre as afirmações de que o bar era um ambiente familiar por um de seus funcionários, Marco afirma que não tem conhecimento sobre essa postura, mas que o quadro de funcionários da segurança não é fixo, e sim contratado a depender do evento. “Não foi isso que o funcionário relatou a mim. O bar está aguardando o beijaço de braços abertos.”

Segundo integrante do Gema, nem o bar nem seus funcionários pediram desculpas após o ocorrido. Ela reitera que não foi um mal-entendido.

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