Amamentação A importância do leite materno para o desenvolvimento dos bebês prematuros Alimentação que vem da mãe tem mais de 250 substância importantes para a imunidade

Por: Alice de Souza - Diario de Pernambuco

Publicado em: 28/09/2015 08:16 Atualizado em: 28/09/2015 18:50

Contato de Beatriz com a filha durante a ingestão do líquido é segurando uma sonda: amor em cada gota. Foto: Rodrigo Silva/ DP/ DA Press ( Foto: Rodrigo Silva/ DP/ DA Press)
Contato de Beatriz com a filha durante a ingestão do líquido é segurando uma sonda: amor em cada gota. Foto: Rodrigo Silva/ DP/ DA Press
A técnica de enfermagem Maria Beatriz Morais, 33, já ajudou muita criança a nascer. Por anos, enquanto trabalhava em salas de parto, maturou o desejo de ser mãe. Planejou com o marido a primeira gravidez como a realização de um sonho e tomou todos os cuidados no pré-natal. Perto de completar 30 semanas de gestação (quase sete meses), ela foi surpreendida e precisou dar à luz Maria Clarice. De repente, trocou a cidade de Águas Belas, no Agreste pernambucano, para doar amor permanentemente à filha, no Recife.

Prematura, Maria Clarice está há um mês na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI) do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip). O fluxo contínuo de amor que liga a vida de mãe e filho tomou outra dimensão entre as quatro paredes de um hospital. A presença de Maria Beatriz na unidade fortalece o vínculo maternal e, principalmente, garante a Maria Clarice uma potente arma para sobreviver: o leite materno. A importância da substância para os prematuros é tema da segunda reportagem da série Amamentar é amar.

Amamentar sempre foi condição intrínseca da maternidade para Maria Beatriz. Não poder dar de mamar à filha, um choque. A menina só começou a receber o leite da mãe após oito dias de vida. Como não tem estrutura corpórea para sugá-lo, Clarice é amamentada por sonda. Diariamente, Beatriz faz a ordenha a cada duas horas.  “O amor colocado em cada gota faz a diferença na recuperação dela”, garante.

Perto da incubadora onde Clarice recebe o leite, a pedagoga Siule Mara Guimarães, 30, renova as esperança na recuperação do filho. Samuel nasceu com 850 gramas, no sexto mês de gestação. Desde o terceiro dia de vida, recebe o leite materno. Para a mãe, que já tem outro filho de 11 anos, nada substitui o prazer de amamentar. Mas segurar a sonda é forma distinta de mantê-lo nos braços. “Às vezes, o prazer e o amor são maiores”, ressalta.
Siule Mara Guimarães espera ansiosa o dia em que poderá dar de mamar com os própios seios a Samuel. ( Foto: Rodrigo Silva/ DP/ DA Press)
Siule Mara Guimarães espera ansiosa o dia em que poderá dar de mamar com os própios seios a Samuel.

Leite materno funciona como vacina para prematuros

Com mais de 250 substâncias importantes para a imunidade, o leite materno é considerado imprescindível para a recuperação de um bebê prematuro. “Os últimos três meses de gestação funcionam para uma reserva de nutrientes. Os prematuros não fazem isso, então eles têm menos anticorpos. Estão mais suscetíveis a doenças”, esclarece a pediatra e coordenadora da UTI Neonatal do Hospital das Clínicas da UFPE, Lindacir Sampaio.

As mães dos bebês prematuros produzem leite adequado às necessidades do filho na faixa de idade. Se ela permanece no hospital no período de recuperação, também adquire anticorpos para as bactérias circulantes na unidade e passará, via leite, ao filho. O líquido funcionará como vacina. Prematuros alimentados com leite materno têm menos infecção hospitalar e doenças como meningite, além de crescer mais rápido e ter alta precoce. No leite, há substâncias que ajudam a amadurecer os órgãos e os sistemas da criança. Para os bebês sem estrutura, o leite é via equipamentos.

“Eles não têm maturidade gastrointestinal. São usados nutrientes pela veia e em torno de 1ml de leite como alimentação trófica”, diz a pediatra e coordenadora do Banco de Leite Humano do Imip, Vilneide Braga-Serva.

Vantagens do aleitamento para bebês prematuros

Melhor desempenho neurocomportamental
Proteção contra o desenvolvimento da retinopatia da prematuridade
Melhor desempenho cognitivo
Relacionado a um menor índice de reinternação hospitalar
Maior proteção antioxidante
Menor risco de enterocolite, sepse e meningite
Passagem de anticorpos maternos contra microorganismos da UTI neonatal
Protege de alergias em prematuros com histórico familiar de atopia
Maior coordenação de saucção/deglutição
Aumento médio do peso em 18,8 gramas por dia

O leite materno…

É capaz de reduzir em até 13% a morte de crianças menores de 5 anos por causas preveníveis

Se o bebê é amamentado no primeiro dia de vida, reduz em 16% o índice de mortalidade

Se o bebê é amamentado na primeira hora de vida, reduz em 22% o índice de mortalidade

O leite produzido pela mãe do bebê prematuro entre a 1ª e a 4ª semana de vida contém maior concentração de:

Nitrogênio
Proteína com função imunológica
Lipídios totais
Vitamina A, D e E
Cálcio, Sódio e Energia
O leite do final contém 3 vezes mais gordura que o anterior

Para manter a produção de leite enquanto o bebê ainda não suga

Ordenhar o colostro (primeiro leite a sair do seio) nas primeiras 24 horas após o parto

Fazer a extração do leite com uma frequência de aproximadamente de 6 a 8 vezes por dia

Beber muita água

Fontes: Lindacir Sampaio, UTI Neonatal do Hospital das Clínicas (HC), Portal Prematuridade, Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano e “Aleitamento materno em prematuros: manejo clínico hospitalar”, de Maria Beatriz do Nascimento e Hugo Issler

 



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