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Qualidade dos lanches nas escolas em debate Alimentação saudável é sugerida por escolas e pais começam a mudar os antigos hábitos. Sucos de caixa, refrigerantes e biscoitos estão sendo substituídos.

Publicado em: 30/08/2015 20:50 Atualizado em: 26/06/2015 16:22

 

Uma lancheira escolar com batata-doce, banana-da-terra e granola caseira gerou debate nas redes sociais. A foto dos alimentos, postado pela nutricionista e apresentadora de tv Bela Gil, foi elogiada e criticada pelos seguidores na mesma medida. Em Pernambuco, as mães começam a mostrar preocupação com a obesidade infantil e com o que há dentro da lancheira dos filhos.  

Raiana de Oliveira, mudou a lancheira da filha para melhor com orientação da escola.
Raiana de Oliveira, mudou a lancheira da filha para melhor com orientação da escola.
 

A estudante Raiana de Oliveira, 20, por exemplo, começou a mudar os lanches da filha depois que a escola, o Centro de Desenvolvimento Criança (Cedec), lhe enviou um cardápio semanal com alimentos saudáves. “Meu lanche quando era criança sempre foi ‘besteira’, biscoito recheado, salgadinho e refrigerante. Comecei a dar a mesma coisa para minha filha de 2 anos e 4 meses levar para escola”, explicou. Raiana ainda não consegue seguir à risca o cardápio que orienta os pais a encherem a lancheira com bolos, sucos, biscoito sem recheio e frutas, mas tenta ao máximo. “Nem sempre tem tudo.”


Segundo a nutricionista da Secretaria de Saúde do Estado, Rejane Barros, a retirada dos biscoitos recheados e do refrigerante são extremamente significativas. “O recheio tem gordura trans, que entopem as veias e artérias a médio prazo. Quanto aos alimentos ultraprocessados, como os refrigerantes e sucos de caxinha, a curto prazo causam a obesidade e posteriormente causam a elevação de colesterol, diabetes e câncer”, explicou.


Para garantir um lanche saudável para o filho Arthur Correia, de 4 anos, o empresário Eduardo Sá, 29, resolveu contratar uma empresa especializada. “No primeiro ano ele levava o lanche. Só porcaria (risos). Biscoito, achocolatado, suco de caixa. Com o serviço, pago quase o mesmo valor pra uma empresa oferecer o lanche correto para meu filho no recreio”, explicou. “A adaptação foi facílima, porque muitos coleguinhas dele também comem a mesma coisa. Diariamente eu pergunto o que ele comeu e se gostou, e sempre recebo uma resposta positiva.”

Artur aprendeu a comer lanches saudáveis com a empresa contratada pelo pai.
Artur aprendeu a comer lanches saudáveis com a empresa contratada pelo pai.

Eduardo paga R pelo serviço da ScolaRest, que oferece frutas, sanduiches naturais, tapiocas, cuscuz e sucos naturais para Artur no colégio Damas. Uma nutricionista acompanha os alunos clientes para verificar a aceitação da comida individualmente.

Para gostar de comer saudável

Romeu Reis, de 9 anos, sempre preferiu os lanches saudáveis, mas sentiu uma diferença para melhor quando começou a frequentar a escola em Göttingen, na Alemanha, país no qual vive há um ano. Lá, as escolas tem regras de alimentação rígidas e não permitem a entrada de lancheiras contendo pão branco, iogurte, doces ou balas. Para os menores, não é permitido trazer bebidas de casa.

 

Qualidade dos lanches nas escolas em debate (arquivo pessoal)
Qualidade dos lanches nas escolas em debate (arquivo pessoal)
Romeu Reis sempre preferiu lanches saudáveis. Na lancheira, tapioca, cenoura e morangos.
 


“Ele reclama se não tem uma fruta na lancheira. Mas gosta de tudo, dos cereais, da tapioca. Na minha família sempre tivemos o hábito de comer bem”, explicou a mãe de Romeu, Germana Uchoa, 43. Para a nutricionista Rejane Barros, ver o exemplo nos pais é a maneira mais eficiente de levar as crianças a comer bem. “É uma maneira muito forte de rebater o ‘beba refrigerante’ dito em tanta propaganda”, avaliou.


Outra forma de estimular a alimentação saudável é o que faz a escola EccoPrime, em Aldeia. Na cantina da escola, não é possível encontrar refrigerantes, frituras nem produtos industrializados. No lanche coletivo dos alunos até cinco anos, há cardápios especias para quem tem restrições e receitas estratégicas para levar os alunos a gostarem de comer os alimentos saudáveis que rejeitam.



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