Educação Professor dá aulas em terminais de ônibus e melhora rendimento escolar Série de reportagens "Mestres da Criatividade", publicada pelo Diario, destaca boas práticas pedagógicas de educadores da rede pública

Por: Anamaria Nascimento

Publicado em: 03/05/2015 10:00 Atualizado em: 30/04/2015 20:05

Professor leva alunos para espaços públicos, como terminais de ônibus, para que eles consigam "viajar na leitura" (Ricardo Fernandes/DP/D.A.Press)
Professor leva alunos para espaços públicos, como terminais de ônibus, para que eles consigam "viajar na leitura"
A boa educação vai além dos muros da escola. Na rede municipal de São Lourenço da Mata, Região Metropolitana do Recife, um professor transformou a relação dos alunos com os livros levando-os para fora da unidade de ensino. Ednaldo Barros, 31 anos, transformou os estudantes em leitores vorazes indo com eles a igrejas, bibliotecas e até terminais de ônibus e metrô. O objetivo era mostrar locais públicos com espaços para leitura, já que não há bibliotecas municipais em São Lourenço da Mata.

O educador atua na rede de ensino há 5 anos e elaborou um projeto pedagógico, intitulado “Sou leitor do mundo, escritor da minha história”, onde leva os estudantes de 5º ano (antiga 4ª série) para “viajar” por meio da leitura. “Quando entrei na rede, percebi que muitos dos meus alunos, mesmo estando no último ano do ensino fundamental 1, não sabiam ler. A ideia de levá-los aos terminais é para dar a ideia de quem lê viaja”, explica o professor vencedor da segunda edição do prêmio Professor que Faz a Diferença, em 2012, entregue pela Prefeitura de São Lourenço da Mata aos profissionais do município.

 (Ricardo Fernandes/DP/D.A.Press)
Trabalhando com o projeto, o professor aproximou os alunos da comunidade e melhorou o rendimento deles. “Começar o ano letivo com 18 alunos sem saber ler e terminar com 15 deles lendo é a grande recompensa do trabalho”, destaca. “As histórias que o professor conta são muito interessantes. Agora, minha mãe lê para mim porque peço a ela. Antes isso não acontecia”, conta Rebeca Silva, 10 anos. “Leio e fico imaginando as cenas na minha cabeça, como se fosse um filme”, diz Cleiton Santos, 10.

O professor faz rifas na escola para, com o dinheiro arrecadado, comprar livros para os alunos. “Inicialmente, os alunos não têm hábistos de leitura. Depois, eles ficam encantados com as histórias. Isso muda até a relação deles até com a família, que passa ler também. Como parte do projeto, convido pais para lerem contos durante as aulas. O filho fica orgulhoso quando é o dia da mãe ou do pai e essa é uma forma de envolver toda a comunidade escolar”, revela o educador.

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