Saúde Fundação Oswaldo Cruz cria dispositivo inédito para combater dengue e filariose Armadilha foi testada com sucesso em moradias de Olinda

Publicado em: 21/05/2015 21:45 Atualizado em: 21/05/2015 21:53

O BR-OVT, que deverá ser patenteado pela Fiocruz, ataca os dois tipos de mosquitos nas fases larval e adulta. Foto: Morgana Xavier/Divulgação
O BR-OVT, que deverá ser patenteado pela Fiocruz, ataca os dois tipos de mosquitos nas fases larval e adulta. Foto: Morgana Xavier/Divulgação
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz criaram uma armadilha inédita para combater, ao mesmo tempo, os mosquitos Culex, transmissor da filariose, e o Aedes aegypti, da dengue. O dispositivo elimina os insetos tanto nas fases larval e adulta. Trata-se de uma caixa aparentemente simples de plástico com larvicida, cola e tecido de algodão cru nas paredes. Diferentemente da Ovitrampa, o invento é colocado dentro do domicílio.

O instrumento foi distribuído, no ano passado, em 175 casas de Sapucaia, em Olinda. Em apenas duas coletas, a equipe conseguiu capturar 78.719 ovos de Aedes e eliminar 754 mosquitos adultos, sendo 459 Culex e 295 Aedes. O estado vive epidemia da dengue. São 37.589 casos notificados e 8.319 confirmados até maio deste ano, o que representa um aumento de 528% em relação ao mesmo período do ano passado.

Chamada de BR-OVT, a armadilha foi testada pela primeira vez pela pesquisadora Rosângela Barbosa, em 2007, com objetivo inicial de capturar apenas ovos postos na superfície da água pelo Culex.

Em 2011 a armadilha ganhou a parte adesiva. “Percebemos que as fêmeas de Culex voltavam à armadilha depois de depositarem os ovos. Então colocamos um aparato de plástico com cola para capturar os insetos quando percebemos que o Aedes também fazia o percurso”, explicou a bióloga Morgana Xavier, que na época fazia mestrado em biologia animal pela UFPE.

A armadilha ganhou, em 2014, um item extra com a colocação do tecido de algodão cru nas paredes, exatamente onde são depositados os ovos do Aedes. “O mosquito coloca os ovos nas paredes dos recipientes. Com isso, descobrimos que a armadilha seria capaz de capturar ovos de ambos os insetos”, disse a bióloga, que aperfeiçoou o invento no doutorado em ciências biológicas, na fundação Oswaldo Cruz. O trabalho deve ser concluído em julho de 2016.

A ideia agora é patentear a invenção e depois aplicá-la nos municípios. “Não pensamos em comercializar a armadilha em larga escala porque é necessário um acompanhamento por parte da equipe, já que é preciso a colocação de larvicida para garantir que ela não será fonte de novos mosquitos”, explicou Morgana Xavier.

Além de aplicar a ideia em Sapucaia, Morgana Xavier também fez um teste, no ano passado, no arquipélago africano de Cabo Verde. Na ocasião foram coletados 27.400 ovos de Aedes e 420 mosquitos, dos quais 299 Culex e 121 Aedes. A pesquisa prevê também o uso de outro instrumento, o aspirador de mosquitos, no bairro de Aguazinha, em Olinda, que ao final vai permitir a comparação entre áreas com e sem as BR-OVT adesivas.

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