Boatos Fotógrafo e empresa especializada em ensaios são alvos de falsas denúncias sobre sequestros de crianças Espalhar informação sem procedência pode render punição

Por: Anamaria Nascimento

Por: Thiago Neres

Publicado em: 27/05/2015 07:54 Atualizado em: 27/05/2015 08:35

Um fotógrafo de um projeto social que estaria sequestrando crianças. Uma van de uma empresa de ensaios fotográficos que seria usada para raptos e tráfico de órgãos. As duas falsas denúncias se espalharam pela internet nos últimos dias e acenderam um debate sobre a força dos boatos e o uso das redes sociais.

Apesar de relatadas com detalhes que impressionam, as queixas feitas em postagens no Facebook são inverídicas. É o que garante a Polícia Civil. Não há confirmação de sequestros. Os internautas que espalham informações falsas na rede são alvo de investigação da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos.

Quem compartilha conteúdo calunioso também pode ser responsabilizado criminalmente. “Chamar a polícia sem saber a procedência de um fato divulgado na internet pode ser classificado como comunicação falsa de crime”, alerta o delegado titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos, Eronides Alves. Ele investiga a origem de um post que acusa o fotógrafo e bancário Eduardo Marinho, 40, de ser sequestrador.

No sábado, Eduardo foi até a comunidade da Bamba, na Bomba do Hemetério, registrar cenas do cotidiano. A ação, parte de um projeto de fotografia do Coletivo Latente, acabou transformando a vida do fotógrafo. Enquanto capturava imagens de crianças da comunidade, ele mesmo foi fotografado. A imagem foi divulgada em redes sociais com mensagens que o acusavam de fazer parte de uma quadrilha que sequestra crianças. Desde então, a rotina dele e da família precisou ser alterada. O boato, espalhado pelo Facebook e WhatsApp por mais de 160 mil usuários, foi denunciado na última segunda-feira por Eduardo, que registrou um boletim de ocorrência por calúnia.

O Coletivo Latente, que fotografa o cotidiano dos moradores da periferia, foi mantido. “Apesar das ameaças, vamos continuar nossa ação, que tem como objetivo mostrar o lado cultural do subúrbio”, disse Eduardo. “Tememos apenas por nossa segurança e pela integridade física de outros fotógrafos, pois nossa imagem está maculada com essas postagens no Facebook”, disse o fotógrafo e professor Elvio Luiz, do coletivo.

“Quem é vítima de boato pode entrar com processo civil por danos morais ou materiais ou penal por calúnia, injúria ou difamação. Pede-se quebra de sigilo para que a empresa identifique o usuário e para que o provedor revele o IP (endereço da máquina) de onde o post saiu”, explicou o advogado Caio Lima, especializado em direito digital.

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