Solidariedade Saiba como ajudar as famílias atingidas por incêndio em favela de Campo Grande Fogo atingiu 200 habitações. Em dois anos, nove incêndios em comunidades pobres afetaram pelo menos 480 famílias

Publicado em: 07/04/2015 07:14 Atualizado em: 07/04/2015 12:46

Moradores recolheram o que sobrou após o incêndio. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Moradores recolheram o que sobrou após o incêndio. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
O incêndio registrado no início da tarde desta segunda-feira na favela do Plástico,  em Campo Grande, no Recife, não deixou feridos, mas as perdas materiais incalculáveis para quem já tem pouco. Móveis, eletrodomésticos, roupas e documentos se foram no incêndio que durou duas horas. “Um menino de quatro anos estava perto de um colchão brincando com um fósforo. Quando vi, o fogo já estava alto. Sobrou só a chave do barraco de lembrança. Perdi tudo”, disse Cláudia Santos, 40.

Campanhas estão sendo organizadas para recolher donativos para as famílias. Alimentos, roupas, proudtos de higiene pessoal, móveis, utensílios, podem ser entregues na sede do Instituto de Assistência Social e Cidadania (Iasc), na Rua Imperial, 203, bairro de São José e na Escola Mário Melo, na Rua Oliveira Fonseca, em Campo Grande.
Alojamento na sede do Instituto de Assistência Social e Cidadania (Iasc). Foto: Thaís Arruda/ DA Press
Alojamento na sede do Instituto de Assistência Social e Cidadania (Iasc). Foto: Thaís Arruda/ DA Press

A Prefeitura do Recife informou que está dando apoio às famílias que residem na área atingida. Uma equipe da Secretaria Executiva de Defesa Civil permanece no local realizando o cadastramento das famílias para orientar a entrega de cestas básicas, kits de higiene e colchões. O terreno onde estavam as moradias pertence à União. Integrantes da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos também estão no local, fornecendo alimentação. A pasta colocou à disposição da população local o abrigo localizado na Travessa do Gusmão.Ninguém ficou ferido gravemente. Quatro pessoas receberam atendimento do Sami no local e uma delas foi removida para a UPA de Olinda.

De acordo com a secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Ana Rita Suassuna, a preocupação inicial foi a de abrigar as famílias. Segundo ela, apenas 20 pessoas (14 adultos e seis crianças) demonstraram o interesse de serem deslocadas para o abrigo, que tem capacidade total para receber 50 pessoas. As demais teriam preferido seguir para casas de parentes. "Agora vamos atuar também no apoio psicológico, alimentação, ajudando a reestruturar a vida dessas pessoas", acrescentou.


A prefeitura disse que o terreno pertence à União e encaminhou os desabrigados a um local na Travessa do Gusmão. Segundo a PCR, o programa de combate a incêndios não é atribuição sua. O município acrescentou que 1.360 famílias estão cadastradas para inclusão em habitacionais. Dois deles - Gusmão e Sérgio Loreto - têm prazos de entrega esgotados. O primeiro está previsto para o fim do ano e o segundo está com a retomada das obras em negociação.

Rotina em ocupações do Recife, o drama dos incêndios voltou a se repetir, desta vez na Favela do Plástico, em Campo Grande. No início da tarde de ontem o fogo destruiu 200 barracos na Rua Farias Neves. O histórico de ocorrências deste tipo ao longo dos últimos dois anos, na capital, revela o tamanho do problema: nove incêndios e 480 famílias afetadas.

Não há programa de prevenção de incêndios em favelas. Entre os habitacionais previstos para abrigar vítimas, um deve ficar pronto no fim do ano. Em audiência realizada ontem sobre outra ocupação, o Cacique Chicão, na Zona Sul - onde à noite os Bombeiros também apagaram um incêndio em um barraco - a secretária-executiva de Habitação do Recife, Renata Lucena, afirmou que “o auxílio-moradia está inchado, com pessoas que o recebem há mais de dez anos e não têm previsão de parar.”



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