Saúde Hospital Agamenon Magalhães receberá projeto de incentivo ao parto normal do Ministério da Saúde Com 60% dos nascimentos por cesarianas, hospital é o único pernambucano selecionado para projeto piloto

Publicado em: 30/03/2015 19:30 Atualizado em: 31/03/2015 11:33

Em maio, os hospitais selecionados assinarão um termo de adesão ao projeto e então darão início às atividades. Foto:Júlio Jacobina/DP/D.A Press
Em maio, os hospitais selecionados assinarão um termo de adesão ao projeto e então darão início às atividades. Foto:Júlio Jacobina/DP/D.A Press

Dos 300 bebês que nascem por mês no Hospital Agamenon Magalhães (HAM), no Recife, 60% são por cesarianas. O número - muito além dos 15% indicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e da média de 40% da rede pública no Brasil -  preocupa. E foi o cenário considerado epidêmico que levou o Ministério da Saúde (MS) a incluir o hospital pernambucano em uma lista de 28 selecionados para receber um projeto de incentivo ao parto normal.

Encabeçado, além do MS, pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e pelo Hospital Israelita Albert Einstein e com a parceria do Institute for Healthcare Improvement (IHI), o projeto, ainda na fase piloto, prevê a implantação de modelos inovadores de atenção ao parto, através da promoção de seurança e qualidade no cuidado ao bebê e a parturiente em maternidades do Sistema Único de Saúde (SUS) e da rede suplementar. 

A divulgação da lista foi feita na última sexta-feira (27) e a Secretaria Estadual de Saúde (SES) não foi oficilamente comunicada, mas segundo a diretora do HAM, Cláudia Miranda, a notícia foi comemorada. "Temos uma maternidade de referência no alto risco, mas de fato convivemos com uma taxa de cesáreas que precisa ser trabalhada. A cesárea se impõe quando você deseja salvar vidas, mas não pode ser via de regra nos partos. Mesmo em uma gestação de alto risco temos que trabalhar para realizar um parto normal e se o Ministério se dispõe a trazer modelos inovadores, é uma grande oportunidade de reverter essa situação", garante.

Em maio, os hospitais selecionados assinarão um termo de adesão ao projeto e então darão início às atividades, que vão desde ações de sensibilização dos profissionais de saúde, incorporação de equipe multiprofissional, à revisão de práticas comuns no atendimento de gestantes e bebês, do pré-natal ao pós-parto.

Para a diretora do HAM, a naturalização da cesárea é uma questão cultural e o principal desafio é a sensibilização dos profissionais. "É importante criar um ambiente que possibilite a conscientização dos profissionais, incorporando equipes multiprofissionais, estimulando a criação de um espaço que possibilite essas mudanças", comenta Miranda, que sugere a realização de um concurso para a contratação de enfermeiras obstetras para reduzir também os índices de intervenções desnecessárias.

Além de propor modelos diferentes de assistência ao parto e pós-parto, o projeto prevê ações complementares, com adequações no ambiente, estímulo à participação de acompanhantes e orientações para o pré-natal, como visitas guiadas à unidade de saúde e cursos de gestantes. O hospital terá que seguir integralmente as recomendações e os resultados serão obervados para que sejam aperfeiçoados antes de serem adotados em larga escala.

"O hospital vai perceber qual o modelo se adequa melhor ao perfil local, dessas mulheres, a partir de sua realidade, do corpo clínico e discutir possíveis adaptações, não é um modelo engessado", explica a  diretora-adjunta de Desenvolvimento Setorial da ANS, Michelle Mello.

Além do HAM, entre os 28 hospitais selecionados, outros dois estão inseridos no Nordeste. São o Hospital da Mulher e Hospital Cura D'Ars, ambos de Fortaleza, no Ceará.  Além dos selecionados, 16 inscritos formarão um grupo de seguidores, que participarão do projeto através de vídeo-aulas e materiais informativos, além de encontros com técincos da ANS. O Hospital Unimed de Caruaru, no Agreste pernambucano, faz parte do grupo de seguidores.

"Em linhas gerais nosso maior desafio é reduzir esse percentual único no mundo de cesarianas na rede suplementar e no SUS no nosso país. Nosso objetivo é promover uma mudança na cultura, no modelo, no pensamento médico, na mulher e resgatar o parto normal como via de regra prioritária, que confere qualidade e segurança ao bebê e a mulher", conclui a diretora-adjunta de Desenvolvimento Setorial da ANS.

Foto: Arte/Bosco
Foto: Arte/Bosco


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