Presídio Batalhão de Choque é acionado para conter novo tumulto no Complexo do Curado

Por: Rebeca Silva - Diario de Pernambuco

Publicado em: 31/01/2015 09:19 Atualizado em: 31/01/2015 12:25

Tensão volta a ser registrada após dez dias do final de rebeliões que resultaram em quatro mortes. Foto: Whatsapp do Diario
Tensão volta a ser registrada após dez dias do final de rebeliões que resultaram em quatro mortes. Foto: Whatsapp do Diario
O Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) foi acionado, na manhã deste sábado (31), para conter um novo tumulto no Complexo do Curado, na Zona Oeste do Recife. Insatisfeitos com supostos atrasos na entrada dos visitantes, os detentos jogaram pedras nos agentes penitenciários que fazem o controle do acesso dos familiares. Tiros foram ouvidos do lado de fora das unidades. Uma viatura do Instituto de Medicina Legal (IML) e outra do Instituto de Criminalística (IC) estiveram no Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros, onde acontece a movimentação, mas ainda não há confirmações sobre mortos ou feridos. A informação é de que três reeducandos teriam sido encaminhados em estado grave para o Hospital Otávio de Freitas, em Tejipió.

A delegada Eliane Caldas, da Força-Tarefa da Polícia Civil, e o secretário-executivo de Ressocialização, Éden Vespaziano, também chegaram ao local, mas não falaram com a imprensa. Apesar da confusão, as visitas continuam acontecendo.

A revolta dos detentos tem relação com a Operação 100% Legal, iniciada neste sábado e que implanta uma série de novas restrições nas revistas, como mais rigidez na entrada de alimentos levados pelos parentes dos presos. As novas regras foram anunciadas na última quinta-feira pelo Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário do Estado de Pernambuco (Sindasp-PE). A decisão foi tomada pela categoria em assembleia.

A revolta tem relação com a Operação 100% Legal,  que implanta novas restrições nas revistas, como mais rigidez na entrada de alimentos levados pelos parentes dos presos. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
A revolta tem relação com a Operação 100% Legal, que implanta novas restrições nas revistas, como mais rigidez na entrada de alimentos levados pelos parentes dos presos. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
A tensão volta a ser registrada no Complexo do Curado após dez dias do final de rebeliões que resultaram em três mortes, sendo um sargento da PM e dois detentos, além de 72 feridos. A principal queixa dos presos era o atraso no andamento dos processos judiciais. Os motins duraram três dias e só foram encerrados com a promessa da transferência de 27 detentos para outros presídios no último dia 22 e de um mutirão para dar seguimento aos julgamentos e alvarás. Ao todo, 64 presos foram transferidos para outras penitenciárias ou tiveram o livramento condicional expedido. O acordo foi fechado após cerca de oito horas de negociação entre os presos e o juiz da 1ª Vara de Execuções Penais, Luiz Rocha, a quem os reeducandos pediam a saída.

Outros compromissos assumidos pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos e pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) foram a chegada de 20 advogados para auxiliar nas análises dos documentos, o incremento de 25 servidores e a designação de cinco juízes para a vara. Os magistrados atuarão por 180 dias. Atualmente tramitam cerca de 600 pedidos de livramento condicional, transferências, progressão de regime e metade deles são de detentos do Complexo do Curado.

As rebeliões levaram ainda o governador Paulo Câmara a decretar estado de emergência no sistema e a assinar, na última quarta-feira, um decreto com medidas que incluem a intervenção no Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga, que deixará de ser uma obra Público-Privada para ser apenas pública, e a criação de uma força-tarefa para lidar com os problemas nos presídios de Pernambuco que têm um déficit de cerca 20 mil vagas.

Com informações do repórter Wagner Oliveira, do Diario de Pernambuco


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