Clouds27° / 29° C

ALERTA

OMS alerta sobre o aumento mundial dos casos de sarampo e baixo índice de vacinação

A UNICEF informou que cerca de 40% das infecções por sarampo na Europa e na Ásia Central ocorreram em crianças com menos de cinco anos

Publicado em: 17/03/2025 16:11 | Atualizado em: 17/03/2025 16:11

O sarampo é tão altamente infeccioso que é necessária uma imunidade de 95% para evitar epidemias, segundo a OMS (foto: Marcelo Camargo/Arquivo Agência Brasil)
O sarampo é tão altamente infeccioso que é necessária uma imunidade de 95% para evitar epidemias, segundo a OMS (foto: Marcelo Camargo/Arquivo Agência Brasil)

De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Europa registrou em 2024 o maior número de casos de sarampo em mais de 25 anos, com mais de 120 mil casos notificados. Este número foi o dobro do número de casos registrados em 2023. "O sarampo está de volta e é uma chamada de atenção. Sem taxas de vacinação elevadas, não há segurança sanitária", afirmou Hans Kluge, diretor da OMS para a Europa.

 

A OMS comunicou que, assim como em outras partes do mundo, a Europa registrou um aumento substancial de casos de sarampo nos últimos anos. Nos primeiros três meses de 2024, o sarampo foi notificado em 45 dos 53 países da região europeia da OMS, totalizando quase 57 mil casos e quatro mortes. A Grã-Bretanha confirmou 2.911 casos de sarampo em 2024, o maior número de casos registrados anualmente desde 2012. "Mesmo um caso de sarampo deve ser um apelo urgente à ação", diz Kluge.

 

Os EUA também registraram a sua primeira morte por sarampo desde 2015, apos uma criança que não foi vacinada ter morrido, num surto na zona rural do oeste do Texas. Em geral, a maioria dos casos nos EUA é levada ao país através de pessoas que viajaram para o estrangeiro. Até o momento, as autoridades do Texas registraram 124 casos de sarampo. O estado vizinho Novo México registrou nove. "O sarampo em qualquer lugar é uma ameaça", informa o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA. Mas, nos Estados Unidos, a maioria dos estados está atualmente abaixo do limiar de 95% de vacinação para crianças pequenas, o nível necessário para proteger as comunidades contra surtos de sarampo.

 

Além disso, peritos independentes declararam o continente americano livre de sarampo endêmico em 2016, no entanto esse estatuto foi perdido em 2018 devido a surtos de sarampo no Brasil e na Venezuela. A redução das taxas de vacinação está sabotando os esforços para erradicar totalmente a doença, dizem os especialistas.

 

A UNICEF informou que cerca de 40% das infecções por sarampo na Europa e na Ásia Central ocorreram em crianças com menos de cinco anos e que mais de metade das pessoas doentes com sarampo tiveram de ser hospitalizadas. A Romênia foi o país com mais infecções de sarampo, com mais de 30 mil casos, seguida do Cazaquistão, que registrou 28.147 pessoas com a doença. A OMS e a UNICEF apontaram ainda que a Bósnia e Herzegovina  e também Montenegro menos de 70% e 50% das crianças, respectivamente, foram vacinadas contra o sarampo nos últimos cinco anos.

 

O sarampo é tão altamente infeccioso que é necessária uma imunidade de 95% para evitar epidemias, segundo a OMS. OU seja, infeta cerca de 9 em cada 10 pessoas expostas se estas não tiverem uma imunidade suficientemente forte. O sarampo é uma das doenças mais infecciosas do mundo e é transmitido por um vírus transportado pelo ar. Estima-se que duas doses da vacina contra o sarampo são eficazes em 97% na prevenção da doença, que normalmente infeta o sistema respiratório e causam sintomas como febre, tosse, corrimento nasal e erupção cutânea. Em casos graves, o sarampo pode causar pneumonia, encefalite, desidratação e cegueira.

 

Em 2023, foram registraram surtos em 57 países, incluindo Índia, Indonésia, Rússia, Iêmen e Iraque. A República Democrática do Congo (RDC) registrou o maior número de casos, com 311.500 mil infecções nesse ano. Mais de 10 milhões de pessoas foram infectadas com sarampo em 2023, tendo sido registradas quase 108 mil mortes. A maioria eram pessoas não vacinadas ou crianças com menos de cinco anos. Os casos foram mais comuns em zonas da África, Oriente Médio e Ásia, onde os rendimentos são baixos e os serviços de saúde insuficientes. Já em locais onde o sarampo foi erradicado, os casos foram propagados por viajantes de outros países.

 

 

Importância dos níveis elevados de vacinação

 

Os especialistas apontam para a diminuição das taxas de vacinação contra o sarampo em todo o mundo desde a pandemia da Covid-19. A taxa mundial de vacinação infantil caiu nos últimos anos, passando de 86% em 2019 para 83% em 2023, devido a interrupções na imunização e nos cuidados de saúde insuficientes devido à pandemia. A OMS estima que a vacinação ajudou a evitar mais de 60 milhões de mortes em todo o mundo entre 2000 e 2023, à medida que se intensificaram os esforços para levar as vacinas a mais pessoas. Antes da introdução da vacina em 1963, as grandes epidemias causavam cerca de 2,6 milhões de mortes por ano.

 

Entetanto, após uma queda na cobertura da vacinação durante a pandemia de coronavírus, os casos de sarampo aumentaram em 2023 e 2024, com as taxas de vacinação em vários países ainda inferiores ao que eram antes da covid-19.

 

Os cientistas estimam que mais de 95% da população precisa de ser vacinada para evitar surtos. "O sarampo pode ser totalmente evitável através da vacinação. Duas doses das vacinas contra o sarampo previnem a infecção, a doença e, consequentemente, a transmissão. Com uma elevada taxa de adesão global, o mundo poderia erradicar esta doença. No entanto, o sarampo é incrivelmente infeccioso, mais do que, por exemplo, as variantes da covid-19. Mesmo com uma ligeira diminuição do uso da vacina, os surtos são inevitáveis", afirmou Michael Head, investigador sênior em saúde global na Universidade de Southampton, no Reino Unido.

Mais Notícias

Acompanhe o Diario de Pernambuco no WhatsApp
Acompanhe as notícias da Xinhua