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TECNOLOGIA
IA identifica risco de câncer de mama com anos de antecedência
Através de um sistema de pontuação com base em mamografias, algoritmo foi capaz de prever maior risco da patologia e até de determinar qual seio em questão
Publicado: 28/01/2025 às 16:47

/Foto: Freepik
Nesta terça-feira (28), o Instituto Norueguês de Saúde Pública (FHI) divulgou um estudo que indica que a inteligência artificial (IA) é capaz de identificar as mulheres com maior risco de ter câncer de mama com muitos anos antes do diagnóstico.
O estudo, publicado na Rede norte-americana JAMA (Journal of the American Medical Association), foi realizado por cinco investigadores do FHI e das Universidades de Washington e da Califórnia, nos Estados Unidos, que utilizaram um algoritmo de IA para analisar mamografias de 116.495 mulheres que participaram num programa de rastreio na Noruega entre 2004 e 2018, das quais 1.607 tiveram câncer de mama. Através de um sistema de pontuação com base nas mamografias, o algoritmo foi capaz de prever um maior risco da patologia e até de determinar qual o seio em causa, quatro a seis anos antes do diagnóstico.
"Descobrimos que a mama que desenvolveu câncer possuía uma pontuação de IA cerca de duas vezes superior à da outra mama. O estudo mostra que os algoritmos de IA já disponíveis no mercado podem ser utilizados para desenvolver programas de rastreio mais personalizados", anunciou Solveig Hofvind, líder do projeto e diretor do programa de rastreio.
De acordo com o FHI, o recurso da IA poderia, além de identificar as mulheres em risco, melhorar a detecção precoce e reduzir os custos. Com base no programa de rastreio norueguês já foi lançado outro estudo, envolvendo 140 mil mulheres, para determinar se a IA pode ser tão eficaz ou melhor que os radiologistas no diagnóstico de câncer.
Novo composto químico reduz câncer da mama e metástases
O Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC), da Espanha, também revelou hoje que uma equipe internacional de investigadores desenvolveu e testou em ratinhos um novo composto químico que reduziu um tipo de câncer da mama e eliminou quase completamente as metástases.
Os resultados do estudo foram divulgados na revista Advanced Science e mostram que o composto químico designado Mactide-v foi capaz de reprogramar a atividade dos macrófagos, aumentou sua proporção e os converteu em agentes antitumorais que atacam o câncer de mama.
Os macrófagos são glóbulos brancos do sistema imunológico que, em condições normais, ajudam a eliminar agentes patogênicos (que podem provocar doenças), a combater vírus e promover a cicatrização. No entanto, a atividade destas células é alterada com um tumor e elas passam a causar o enfraquecimento dos linfócitos T, importantes para a defesa do organismo. Parte essencial da imunidade, os linfócitos T perdem quando está imunodeprimido a capacidade de atacar as células malignas, permitindo a expansão do tumor.
O estudo foi realizado em ratinhas fêmeas com câncer de mama triplo-negativo metastático, o mais agressivo do gênero. "Decidimos estudar especificamente o câncer de mama triplo negativo, dado que atualmente não existe tratamento direcionado. Estes tumores são tratados com quimioterapia convencional, que tem efeitos secundários e não estimula o sistema imune. O composto foi capaz de direcionar com precisão os tratamentos para os macrófagos, através de administração intravenosa, sem se acumular no fígado", explicou Pablo Scodeller, investigador do Instituto de Química Avançada da Catalunha (IQAC-CSIC) e principal autor do estudo, acrescentando a possibilidade de no futuro o composto se usado em medicamentos para tratamentos orais.
A equipe de investigação já apresentou um pedido de patente para o composto, que continuará a ser testado em outros tipos de câncer. O estudo, liderado por cientistas do IQAC-CSIC, contou com a participação de investigadores da Universidade de Tartu (Estônia), do Instituto de Oncologia do Vêneto (Itália), da Universidade de San Martín (Argentina), do Centro Nacional de Biotecnologia (CNB-CSIC) e do Centro de Investigação Biomédica em Rede (CIBER-BBN), da Espanha.