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Estudo global indica novos fatores de risco genéticos para depressão
Pesquisadores analisaram dados genéticos de 680 mil pessoas com depressão e 4 milhões sem depressão em 29 países
Publicado: 29/01/2025 às 16:27

(Foto: Freepik)
Uma investigação científica, que é considerado o maior e mais diversificado estudo mundial sobre a depressão, revelou que quase 300 novas variantes genéticas foram associadas à doença.
Segundo o novo estudo, realizado por uma equipe internacional liderada por investigadores do King's College de Londres e pela Universidade de Edimburgo, foi inserida uma grande amostra de quase 5 milhões de pessoas. Os pesquisadores analisaram dados genéticos de 680 mil pessoas com depressão e 4 milhões sem depressão em 29 países.
Este tipo de estudo analisa o DNA e os marcadores genéticos das pessoas para verificar se as variantes genéticas estão ligadas a uma característica ou doença específica, neste caso, a depressão. Os investigadores encontraram 697 variações genéticas, ou diferenças nas sequências de genes, 293 das quais eram novas descobertas.
De acordo com os resultados publicados na revista Cell, o estudo associou 308 genes específicos a um maior risco de depressão. Os genes associados estavam ligados aos neurônios, um tipo de célula cerebral, que se encontra em áreas como a amígdala e o hipocampo. "A depressão é um distúrbio altamente prevalente e ainda temos muito a aprender sobre os seus fundamentos biológicos. Estas descobertas mostram que a depressão é altamente poligênica e abre caminhos para traduzir estas descobertas em melhores cuidados para as pessoas com depressão", afirmou Cathryn Lewis, professora de epidemiologia genética e estatística no King's College de Londres e co-líder do estudo.
A prestigiada Clínica Mayo, nos EUA, aponta que apesar da carga genética ser um fator importante na depressão, esta pode ainda depender muito de fatores sociais e psicológicos, que incluem também acontecimentos traumáticos ou estressantes, antecedentes de outras perturbações da saúde mental e abuso de substâncias.
Os tratamentos para a depressão podem incluir terapia ou medicação para a depressão moderada ou grave. "Embora a depressão seja um problema de saúde cada vez mais importante, faltam-nos os conhecimentos necessários para tratá-la e preveni-la melhor. Estudos maiores e mais inclusivos como este nos ajudarão a desenvolver melhores tratamentos e intervenções, acabando por melhorar vidas e reduzir o impacto global da doença. Reforçará também as provas de que as doenças mentais têm uma base biológica tão forte como outras doenças, como as doenças cardíacas", disse Brittany Mitchell, que faz parte da equipe que analisa os dados e é pesquisadora do Instituto de Investigação Médica de Queensland, na Austrália.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) é estimado que mais de 300 milhões de pessoas no mundo tem depressão, um transtorno mental que pode levar até ao suicídio.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica que a depressão é um transtorno mental associado a sentimentos de incapacidade, irritabilidade, pessimismo, isolamento social, perda de prazer, déficit cognitivo, baixa autoestima e tristeza, que interferem na vida diária. Ela afeta as capacidades de trabalhar, dormir, estudar, comer, socializar, entre outros. Esse transtorno é caracterizado por sentimentos negativos e que persistem por pelo menos duas semanas, causando prejuízos. A depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo. Na América Latina, o Brasil é o país com maior prevalência da doença, além de ser o segundo país com maior prevalência nas Américas, segundo a OMS.
A OMS, além disso, aponta que, nos próximos 20 anos, a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas. “A depressão será também a doença que mais gerará custos econômicos e sociais para os governos, devido aos gastos com tratamento para a população e às perdas de produção”, diz a organização.
De acordo com o órgão, os países pobres são os que mais devem sofrer com o problema, já que são registrados mais casos de depressão nestes lugares do que em países desenvolvidos.
No entanto, a doença ainda sofre com estigmas e desinformação.
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