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Opas eleva risco da febre do Oropouche nas Américas para alto

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde nas Américas (OMS), emitiu um alerta epidemiológico de risco alto para a febre do Oropouche no continente

Publicado em: 04/08/2024 14:47 | Atualizado em: 04/08/2024 16:43

Entre 1° de janeiro e 30 de julho de 2024, 8.078 casos haviam sido reportados em pelo menos cinco países das Américas (Sociedade Brasileira de medicina tropical/Divulgação)
Entre 1° de janeiro e 30 de julho de 2024, 8.078 casos haviam sido reportados em pelo menos cinco países das Américas (Sociedade Brasileira de medicina tropical/Divulgação)

 
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde nas Américas (OMS), emitiu neste sábado (3) um alerta epidemiológico de risco alto para a febre do Oropouche no continente.

De acordo com a entidade, a decisão foi tomada em razão de “recentes mudanças altamente preocupantes” nas características clínicas e epidemiológicas da doença, incluindo o registro de casos em localidades fora das chamadas regiões endêmicas. 


Critérios
 
De acordo com o documento, os critérios considerados para atualizar o nível de risco regional para a febre do Oropouche incluem risco potencial para a saúde humana.
 
A apresentação clínica do vírus na maioria dos casos varia de leve a moderada com sintomas autolimitados que, geralmente se resolvem em sete dias.
 
Apesar das complicações serem raras, casos esporádicos de meningite séptica foram documentados. Mais recentemente, dois casos de mortes associadas ao vírus foram deportadas no Brasil em meio a um surto da doença no país. Essas mortes respondem pelos primeiros casos fatais associados à doença no mundo.

Para a decisão, a organização também considerou a transmissão vertical do vírus, que está sob investigação. No dia 12 de julho, o Brasil informou a Opas sobre potenciais casos de transmissão vertical da febre do Oropouche e suas consequências.
 
No dia 30 de julho, cinco potenciais casos de transmissão vertical do vírus haviam sido reportados no Brasil, incluindo quatro casos de morte fetal e um caso de aborto espontâneo no estado de Pernambuco, além de quatro casos de recém-nascidos com microcefalia nos estados do Acre e do Pará. As investigações estão em andamento.

A Opas também lista o risco de propagação da doença, contextualizando que, entre 1° de janeiro e 30 de julho de 2024, 8.078 casos confirmados haviam sido reportados em pelo menos cinco países das Américas, incluindo Bolívia (356 casos), Brasil (7.284 casos), Colômbia (74 casos), Cuba (74 casos) e Peru (290 casos). No Brasil, 76% dos casos foram registrados na Amazônia.  

Brasil
 
De acordo com a Opas, pelo menos 10 estados brasileiros fora da região amazônica já confirmaram transmissão autóctone ou local da febre do Oropouche, alguns de forma inédita para a doença.
 
“Essa informação sugere que, no último trimestre, casos foram reportados em novas áreas e em novos países, sinalizando a expansão do vírus pelas América”.

“Desde a sua identificação, em 1955, o vírus causou surtos em diversos países da América do Sul e da região amazônica, em grande parte por conta do vetor Culicoides paraensis, do potencial vetor Culex e seus hospedeiros, como preguiças e primatas.”

“O risco de propagação de vetores e, consequentemente, da transmissão da febre do Oropouche está aumentando em razão das mudanças climáticas, do desmatamento, da urbanização descontrolada e não planejada e de outras atividades humanas que afetam o habitat e favorecem a intervalos entre vetor e hospedeiro. Até o momento, não há evidência de transmissão do vírus entre humanos”, concluiu a Opas.
 
Óbito fetal por transmissão vertical de Oropouche
 
O Ministério da Saúde (MS) confirmou um caso de óbito fetal causado por transmissão vertical de febre do Oropouche, que acontece quando o vírus é passado  da mãe para o bebê, durante a gestação ou no parto. A confirmação foi feita na sexta-feira (2) no estado de Pernambuco. A pasta informou que a grávida tem 28 anos de idade e estava na 30ª semana de gestação.

Segundo o ministério, continuam em investigação oito casos de transmissão vertical de Oropouche: quatro em Pernambuco, um na Bahia e três no Acre.

“Quatro casos evoluíram para óbito fetal e quatro casos apresentaram anomalias congênitas, como a microcefalia. As análises estão sendo feitas pelas secretarias estaduais de saúde e especialistas, com o acompanhamento do Ministério da Saúde, para concluir se há relação entre Oropouche e casos de malformação ou abortamento”, disse a pasta. 

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