Ozonioterapia: tratamento complementar de saúde cresce no Brasil

O Governo Federal sancionou em agosto deste ano a Lei N° 14.648/2023, que permite que a ozonioterapia seja utilizada como tratamento complementar de saúde. O uso desta terapia é feito através da mistura de ozônio e oxigênio puro, chamado de ozônio medicinal. Ele pode ser aplicado em alguma parte do corpo para tratar uma doença específica, problemas dentários ou feridas.

A ozonioterapia tem o intuito de fortalecer o sistema imunológico através de procedimentos nas células, além de ampliar a oxigenação dos tecidos. Este tipo de terapia ajuda a evitar complicações causadas por invasores do organismo, como germes e bactérias, e aumenta as ações anti-inflamatórias e antissépticas.

A especialista em ortodontia e harmonização facial Lêda Interaminense utiliza a ozonioterapia nos procedimentos dos pacientes, entre eles o tratamento de canal, de gengivite e de periodontite e explica que “o ozônio medicinal tem efeito bactericida, fungicida e também ajuda no processo inflamatório, reduzindo a inflamação do paciente dando muito mais conforto para o pós-operatório”.

A dentista esclarece que o oxigênio utilizado no procedimento é puro e que “não tem problema de contaminação” e ressalta que os profissionais têm a “formação para ter esse cuidado com a higiene e com a esterilização para não haver contaminação de nada. Toda a nossa formação cirúrgica nos possibilita fazer esse tipo de tratamento”.

A ozonioterapia não fica restrita ao uso dos profissionais da odontologia e se estende para outros ramos, como o da fisioterapia. O fisioterapeuta  e especialista em Quiropraxia, Adson Morais, também realiza este procedimento nos pacientes dele. “Em minha prática clínica, a técnica que mais utilizo em meus pacientes são as aplicações localizadas na articulação ou musculatura com injeções periarticulares e intramuscular e paravertebral”.

Além disso, a ozonioterapia pode ser utilizada em procedimentos como insuflação retal,  bag com ozônio, água ozonizada, hidrozonioterapia e auto-hemoterapia maior. “O ozônio, quando aplicado, melhora a oxigenação e a circulação sanguínea, reduzindo dores e inflamação. Em meu consultório há grande procura para o tratamento das Hérnias de disco, mas também utilizo bastante no tratamento de artrose de joelho, artrite reumatóide, epicondilite, bursite de ombro, síndrome do ombro congelado, entre outras", completou Adson. 

No Brasil, até o momento, a ozonioterapia já é regulamentada por conselhos de profissionais de saúde, entre eles o de Farmácia (CFF), Odontologia (CFO), Fisioterapia (Coffito), Enfermagem (Cofen) e Biomedicina (CFBM).

Atualmente, os equipamentos já aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são voltados a tratamentos odontológicos e estéticos, tendo suas indicações relacionadas à dentística, no tratamento da cárie; periodontia, na prevenção e tratamento dos quadros inflamatórios/infecciosos; endodontia, potencializando a sanificação do sistema de canais radiculares; cirurgia odontológica, no auxílio no processo de reparação tecidual, e na estética, auxiliando a limpeza e assepsia de pele.

A legislação recém publicada contribui para o avanço da aplicabilidade da técnica. Em nota enviada ao Executivo Federal, a Associação Brasileira de Ozonioterapia (Aboz) destacou a necessidade do tratamento ser realizado por um profissional de saúde de nível superior inscrito no seu respectivo conselho de atividade.

Além disso, o texto ressalta que a terapia só poderá ser aplicada por meio de equipamento de produção de ozônio medicinal devidamente regularizado pela Anvisa e que a prática possui caráter complementar, devendo ser informada ao paciente.

Para o presidente da Aboz, o médico clínico geral Antônio Teixeira, “a aprovação no Congresso Nacional e a sanção presidencial foram passos importantes, mas ainda é preciso avançar em direção à regulamentação da prática, tanto em relação às tecnologias e equipamentos quanto às indicações clínicas”.

A  Associação Brasileira de Ozonioterapia realizará entre os dias 29 de setembro e 1° de outubro dois dos maiores eventos científicos mundiais sobre a prática, o 4º Congresso Internacional de Ozonioterapia e o 32º Congresso da ABOZ. A programação acontece em São Paulo e reunirá médicos, fisioterapeutas, biomédicos, biólogos, enfermeiros, farmacêuticos e dentistas e estudantes destas áreas. 

Os eventos irão atualizar os profissionais de saúde para a utilização segura da ozonioterapia em suas áreas de atuação, além de debater sobre o que se está fazendo em ozonioterapia no mundo.