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Filiação de ex-tucanos ao PSD exalta Raquel Lyra, mas evita clima de convenção

Governadora assumiu tom político mas evitou intrigas partidárias, como a intervenção da Executiva Nacional do PSDB no diretório estadual

Publicado em: 07/04/2025 22:39 | Atualizado em: 07/04/2025 23:16

 (Ruan Pablo/DP Foto)
Ruan Pablo/DP Foto
A filiação em massa de ex-tucanos ao PSD na noite desta segunda-feira (7) assumiu um tom político, em especial em torno da exaltação da governadora Raquel Lyra (PSD) e em repúdio à intervenção da Executiva Nacional do PSDB no diretório estadual, que levou 32 prefeitos a abandonarem o ninho tucano. O ato, no entanto, não mobilizou grande militância, e evitou o clima de convenção partidária visto na filiação de Raquel, no início de março.

O evento aconteceu em um pequeno auditório do Novotel Recife Marina, localizado no Cais de Santa Rita, na capital pernambucana. Sem palanque, a governadora se cercou de quadros do PSD e de deputados estaduais de diversas legendas, representando o pluripartidarismo da bancada governista e disfarçando a falta de representatividade do PSD no Legislativo.

Em discurso, Raquel evitou antecipar o debate sobre as eleições, mas não deixou de politizar a pauta municipalista. Se dirigiu aos prefeitos recém-filiados e soltou indiretas para o possível adversário de 2026, João Campos (PSB) – apesar de nunca citá-lo diretamente.

“Eu não estou aqui para tratar da eleição de 2026. Estamos aqui porque temos muito o que fazer até lá. Nunca fizemos gestão cuidando de eleição. Aprendi em casa que o processo de reeleição é resultado de um trabalho e da entrega para mudança da vida do nosso povo. Se a gente se preocupa somente com a eleição, a mudança não acontece. Para fazer mudança, precisamos tomar decisões difíceis”, disparou a governadora.

“Nós não estamos aqui para esquentar cadeira, para quem quiser achar que mulher quando assume o governo é somente para esperar o próximo homem que vai assumir, com todo o respeito a eles. Fazemos política somando, não é com raiva”, complementou.

Nas últimas semanas, João Campos participou de congressos do PSB que, apesar do intuito de eleger os diretórios municipais e estadual do partido, se tornaram atos de ‘pré-convenção partidária’ em exaltação ao seu nome como candidato ao governo do estado e presidente nacional do partido.

Entre os recém-filiados, o clima era não apenas de lealdade à governadora, mas de indignação com o PSDB. Houve quem falasse de “violência política” do atual presidente estadual tucano, deputado Álvaro Porto (PSDB), que liderou a comissão intervencionista.
Raquel, no entanto, se negou a abordar o tema diretamente. “O que a gente precisa é olhar para frente”, disse em discurso. À imprensa, a governadora afirmou que “pelo partido que ele ocupa, deve falar ele mesmo”, e não respondeu perguntas sobre o tema.

Deputados tucanos com Raquel

Presente no ato, a deputada estadual Débora Almeida (PSDB) reforçou sua lealdade à Raquel Lyra. Ela criticou a intervenção e reafirmou que uma ação judicial contra o partido é cabível.

"Eu e Izaías (Régis, deputado estadual) estamos com você. O partido não é de um dono. É por meio do partido que se faz a transformação e as políticas públicas que o povo precisa. Quero desejar a cada um de vocês que estão ao PSD que se unam. Não vamos deixar que a inoperância volte ao Palácio do Campo das Princesas”, discursou. O deputado Izaías Regis, no entanto, não compareceu ao evento e está como membro da comissão interventora do PSDB.

Débora esclareceu, ainda, que ficará no PSDB até a abertura da janela partidária em 2026. Diferente de prefeitos, deputados não podem trocar de partido até a data estabelecida pela Justiça Eleitoral. Ela pretende manter a liderança da legenda na Assembleia Legislativa.
Quando a oportunidade surgir, ela deve migrar para uma legenda mais alinhada à governadora. “Quando quase ninguém estava com a governadora Raquel Lyra, eu estava lá, fui para o PSDB a convite dela e com certeza estou para assumir missões. Se Deus quiser, renovar o nosso mandato e estar num partido que tenha realmente segurança e estabilidade”, afirmou.

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