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MUDANÇAS

PSDB deve sair da base de Raquel Lyra

Sigla, porém, deverá perder prefeitos. Álvaro Porto teve o comando da legenda em Pernambuco prometido pelo diretório nacional tucano

Publicado em: 24/03/2025 06:00 | Atualizado em: 24/03/2025 12:57

Filiação de Priscila Krause não satisfez cúpula nacional (Foto: Priscilla Melo/DP Foto)
Filiação de Priscila Krause não satisfez cúpula nacional (Foto: Priscilla Melo/DP Foto)
A filiação da vice-governadora Priscila Krause ao PSDB não foi o bastante para satisfazer a cúpula nacional tucana. O presidente do partido, Marconi Perillo, já prometeu o comando da legenda em Pernambuco para o presidente da Assembleia Legislativa (Alepe), Álvaro Porto (PSDB). Agora, é esperado que os tucanos deixem a base da governadora Raquel Lyra (PSD), mas ela pode levar consigo boa parte dos quadros da legenda no Estado.

Após a mudança de siglas de Raquel, definir o futuro do PSDB em Pernambuco se tornou uma incumbência do ex-deputado federal e ex-dirigente Bruno Araújo. O partido poderia se contentar com a discreta filiação de Krause e manter Fred Loyo no comando da diretoria estadual, permanecendo próximo da governadora e preservando seus deputados estaduais e prefeitos recém-eleitos, ou buscar novas alianças, correndo o risco de perder força política.

Hoje, os tucanos possuem três deputados estaduais e mais de 30 prefeituras no Estado. A maioria dos nomes, no entanto, é mais ligado à governadora do que ao partido. Segundo o cientista político Sandro Prado, o PSDB nunca teve capilaridade em Pernambuco e se sustentou na última década com lideranças personalistas, à exemplo da própria Raquel Lyra, que conquistou duas prefeituras e o Governo do Estado enquanto tucana, mas estava no PSDB há menos de uma década.

“Embora o PSDB tenha conquistado três cadeiras na Assembleia Legislativa e mais de 30 prefeituras nas últimas eleições, esses resultados são reflexos da influência de Raquel e de seu grupo político, em vez de uma expressão da força intrínseca do partido em Pernambuco. Historicamente, o PSDB não possui uma presença robusta no estado e seu fortalecimento recente está ligado à imagem e à liderança de Raquel Lyra”, disse.

O próprio PSDB reconhece a ausência de quadros leais ao seu projeto político e deve optar pela renovação em Pernambuco. Perillo orientou, inclusive, que Porto focasse em criar uma chapa competitiva para o Congresso Nacional ao invés de evitar uma possível debandada de prefeitos fiéis a Raquel, indicando a prioridade das pautas federais.
 
 
No estado, Porto pode levar o PSDB para a base do prefeito João Campos (PSB), de quem é aliado. As negociações de fusão com legendas como Republicanos e Podemos, entretanto, ainda podem influenciar a nova direção.

Expectativa de debandada tucana 

A maioria dos 30 prefeitos eleitos pelo PSDB no ano passado devem acompanhar Raquel Lyra para o PSD com a decisão do diretório nacional tucano. Apesar de perder uma legenda na base, as migrações fortalecem a nova casa da governadora.

“O PSD tem buscado consolidar sua presença em Pernambuco. A filiação de Raquel Lyra é estratégica para ampliar sua base política e fortalecer sua posição no cenário estadual. Essa mudança é fundamental para seu projeto político ao proporcionar maior acesso a recursos, poder e alianças em âmbito nacional”, analisou Sandro Prado.

O cientista político avalia, ainda, que o PSD também se beneficia com as filiações, mesmo que os gestores não sejam fiéis ao partido e apenas acompanhem a movimentação da governadora.

“Embora os aliados e prefeitos que a acompanham sejam leais a ela e não necessariamente ao partido, essa movimentação amplia a capilaridade do PSD em Pernambuco e fortalece sua estrutura local. A presença de lideranças municipais alinhadas à governadora resulta em um incremento do poder político do PSD”, complementou o especialista.
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