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Eleições no Congresso têm Motta e Alcolumbre favoritos às presidências da Câmara e do Senado

Parlamentares pernambucanos avaliam como novas composições das mesas diretoras devem impactar no avanço de projetos e na governabilidade de Lula

Publicado: 27/01/2025 às 05:47

Deputado federal Hugo Motta (Republicanos) e senador Davi Alcolumbre (UB)/Reprodução/Redes Sociais; Pedro França/Agência Senado

Deputado federal Hugo Motta (Republicanos) e senador Davi Alcolumbre (UB)/Reprodução/Redes Sociais; Pedro França/Agência Senado

O Congresso Nacional elege suas novas mesas diretoras no próximo sábado (1). Na Câmara dos Deputados, o favorito à presidência é o paraibano Hugo Motta (Republicanos), apoiado pelo atual presidente Arthur Lira (PP-AL) e a maioria das legendas da direita à esquerda. No Senado Federal, o consenso é no nome do amapaense Davi Alcolumbre (UB), apoiado pelo atual titular do cargo, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Diferentes das eleições eletivas que levam os brasileiros às urnas de dois em dois anos, os pleitos internos das casas legislativas tendem a se resolver antes mesmo da votação ter data marcada. O voto é a consumação das articulações e negociações entre os partidos ao longo dos meses.

Câmara

O único adversário declarado de Motta na corrida pela presidência é o pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), que não deve conquistar muitos votos além dos correligionários e outros nomes da ala mais ideológica da esquerda. A candidatura do republicano, por sua vez, agrega todas as legendas com a maior quantidade de cadeiras na Casa, dos governistas à oposição.

O deputado federal Augusto Coutinho (Republicanos-PE) celebrou a construção coletiva da candidatura de Motta, e elogiou a articulação de Arthur Lira com os líderes das bancadas para encontrar um nome comum. Caso eleito, a expectativa é de postura conciliadora para avançar pautas e equilibrar as agendas polarizadas.

“Temos uma agenda na Câmara muito pressionada. Com esse entendimento, facilita muito avançar em agendas que são mais espinhosas e complicadas. Essa vai ser a minha sétima eleição da mesa diretora, e diria que é uma das mais conciliadas que eu já vivenciei”, disse o republicano.

“Hugo conseguiu ter apoio dos maiores partidos da oposição e governo. Não tem nenhum motivo para se achar que ele terá dificuldade em assuntos importantes para o país. Temos uma Câmara muito polarizada entre PT e PL, e essa agenda de conceitos mais sensíveis e ideológicos não tende a prosperar”, complementou.

Na nova composição, o Partido dos Trabalhadores deve ficar com a primeira-secretaria, cargo responsável pela administração da Câmara. Entre os favoritos para o posto, o pernambucano Carlos Veras (PT) vê eleição de Motta beneficiando a governabilidade do presidente Lula (PT), a independência do Legislativo, e a preservação da democracia.

“Motta tem uma visão republicana que coloca os grandes projetos de interesse nacional acima das cores partidárias. Acredito que irá construir uma relação produtiva com o governo Lula, preservando a autonomia entre os poderes, assegurando o desenvolvimento do Brasil e fortalecendo a democracia”

André Ferreira (PL-PE), por sua vez, espera que – se eleito – Motta dê continuidade à defesa da liberdade da Casa, para que os deputados possam levantar suas bandeiras sem “atropelos” dos poderes Executivo e Judiciário.

“O que esperamos dele é a liberdade da Casa. Arthur foi muito correto com os deputados, não foi um presidente mandado pelo Executivo. Com o Supremo querendo legislar, precisamos de pulso forte para não sermos atropelados pelos outros poderes”, declarou.

Apesar do Republicanos compor a base do Governo, a expectativa de Ferreira é que as pautas mais ideológicas do Partido Liberal não encontrem entraves para serem apreciadas pela Casa.

“A oposição construiu isso, a candidatura de Hugo Motta tem o PL na chapa, vamos ter dois assentos na mesa. Não é por ser do PL que os projetos não serão pautados. Precisamos de um presidente que não fique pautado pelo Governo”, disse.

Senado

A presidência do Senado Federal possui três postulantes declarados. Além do favorito Davi Alcolumbre, o astronauta Marcos Pontes (PL-SP) – à contragosto de Bolsonaro – e Eduardo Girão (Novo-CE) também disputam o comando da mesa diretora.

Ex-presidente da Casa entre 2019 e 2021, o retorno de Alcolumbre ao cargo tem o apoio de 69 dos 81 senadores, de sete bancadas: PSD, MDB, PT, PL, PP, PDT e PSB.

O senador Humberto Costa (PT-PE) avalia que a participação do Partido dos Trabalhadores na construção da candidatura de Alcolumbre é condicional, e não quer ver a oposição feita por ele na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) se repetindo na presidência.

“Quando nós discutimos o apoio a ele, foi com o compromisso que a pauta do Senado não seria antigoverno. Queremos que o congresso tenha autonomia, mas não pode ser uma força de confronto. Nossa expectativa é que ele não faça a definição da agenda com os interesses da oposição, como ele faz muito na CCJ”, disse.

Para a senadora Teresa Leitão (PT-PE), é necessário que a nova presidência guie a Casa para revisar pautas polêmicas e resistir à polarização. “Nós temos isso como necessidade. Foi uma condição do partido para apoiá-lo. Governabilidade e a revisão de ‘pautas-bomba’ que não ajudam a sociedade”, declarou.

“A Casa viveu momentos de muito extremismo. Precisamos respeitar a correlação de forças internas, as divergências, mas ter uma pauta que caminhe. Fizemos o dever de casa, inclusive em relação às emendas. É uma casa revisora, uma responsabilidade imensa”, acrescentou.

A expectativa de um Senado menos pautado pelo extremismo e com uma relação republicana com os demais poderes também é compartilhada pelo senador Fernando Dueire (MDB-PE).

“A nova mesa já chega com uma prévia obrigação de contribuir para ajustar as relações com os outros poderes e buscar em suas pautas legislativas um projeto de futuro para o Brasil. É nisso que apostamos e vamos trabalhar nessa direção", defendeu.
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