ELEIÇÕES 2024 NO RECIFE

Debate entre candidatos do Recife teve propostas, críticas ao PSB e polêmica das creches

Participaram João Campos, Gilson Machado, Daniel Coelho, Dani Portela e Tecio Teles

Publicado em: 01/10/2024 18:23 | Atualizado em: 01/10/2024 21:35

 (Blog Dantas Barreto)
Blog Dantas Barreto
Os candidatos à Prefeitura do Recife participaram, nesta terça-feira (1), de debate realizado pelo Sistema Jornal do Commercio. Apesar de discutirem propostas para a cidade, a maior parte do tempo de fala dos prefeituráveis foi dedicada a criticar os últimos 12 anos de gestão do PSB, partido do atual prefeito João Campos, que lidera as pesquisas com ampla vantagem.
 
Foram convidados os candidatos cujos partidos possuem ao menos cinco representantes no Congresso Nacional: Dani Portela (PSOL), Daniel Coelho (PSD), Gilson Machado (PL), João Campos (PSB) e Tecio Teles (Novo). A mediação foi da jornalista Anne Barreto. 

Abrindo a rodada de perguntas, Gilson Machado questionou Campos sobre a polêmica das creches, citando auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE), e apontou que uma das empresas vencedoras das licitações foi criada quatro dias depois do lançamento do edital.

O prefeito candidato à reeleição rebateu as críticas, detalhando o processo de licitação e construção das unidades, e afirmando que o TCE manteve o funcionamento das creches. “O TCE foi em cinco unidades e garantiu o funcionamento de todas elas”, declarou.

Ainda, João Campos destacou que Machado foi punido 313 vezes pela Justiça Eleitoral pela insistência em citar a polêmica.

Saneamento e críticas à Compesa

Na rodada de perguntas temáticas sorteadas pela mediadora, Daniel Coelho questionou João Campos sobre saneamento. “A PPP feita há 11 anos não avançou no saneamento. Recife caiu dez posições no ranking”, criticou.

O prefeito rebateu, apontando que investiu R$ 250 milhões no segmento e criou o Promorar, e propôs a urbanização integrada com ligação intradomiciliar. Ainda, partiu para o ataque e criticou a atuação da Compesa, responsabilidade do Governo do Estado. “De cada dez buracos, oito são da Compesa”, disparou.

Coelho defendeu a gestão de Raquel Lyra. “Estão governando o Recife há 12 anos e o Estado há 16 anos. Quem entregou a compesa quebrada? Paulo Câmara e o chefe de gabinete João Campos”, declarou.

Na tréplica, João Campos disse que Coelho “não consegue falar de propostas, tem dificuldade de reconhecer que estamos trabalhando muito”.

“Acabou com a violência no RJ”

Campos perguntou para Gilson Machado sobre suas propostas para a geração de empregos. O candidato do PL criticou novamente a gestão atual. Divergindo do tema, Machado apresentou propostas para segurança pública, apontando o general Braga Netto como secretário.

“O bandido na nossa gestão ou vai arrumar emprego ou sair da cidade. Meu secretário vai ser o general Braga Netto, que acabou com a violência no Rio de Janeiro”, disse, sem apresentar dados que comprovem a erradicação da violência no Estado sudestino.

Campos afirmou que Gilson apenas “falou mal do Recife”, fazendo o adversário apresentar mais propostas de oportunidades para o setor cultural na tréplica.
 
Desigualdade
 
Em pergunta para Gilson Machado sobre os índices de desigualdade e insegurança alimentar na capital, Daniel Coelho teceu mais críticas à gestão João Campos, relembrando que teve seu primeiro guia eleitoral sobre o tema retirado da programação pela Justiça Eleitoral.

Machado respondeu se unindo a Coelho com mais disparos contra Campos, comparando a situação atual do Recife à série de TV “The Walking Dead”, temática de mortos-vivos. 

Armamento da Guarda Municipal

No primeiro bloco, Teles questionou Dani Portela sobre o armamento da Guarda Municipal. A deputada estadual se posicionou contra o armamento, e afirmou que pretende implementar o Sistema Único de Segurança Pública do Governo Federal.

Já no segundo bloco, Gilson Machado perguntou sobre o armamento da Guarda Municipal para Teles. O candidato do PL abriu espaço para o adversário bater em João Campos, mas Teles decidiu detalhar suas propostas, como a criação de uma academia para capacitar os guardas e ampliar a iluminação pública.

Machado propôs câmeras de vigilância escondidas e com reconhecimento facial, e parceria com o Governo do Estado para utilizar a academia da Polícia Militar.

Transporte público e gestão metropolitana

Na primeira rodada, Dani Portela perguntou sobre transporte público para Daniel Coelho, criticando também a gestão da governadora Raquel Lyra (PSDB), aliada do ex-secretário estadual de Turismo. Coelho defendeu a tarifa única criada pela atual gestão, mas a Prefeitura precisa “fazer sua parte”.

“Recife precisa de prefeito que não terceirize o problema”, disse Coelho. Portela rebateu: “Temos tarifa única, mas é uma das passagens mais caras do país, com o pior serviço prestado à população”.

Já na segunda parte do debate, Tecio Teles perguntou para Portela sobre as propostas para a condução da gestão da Região Metropolitana do Recife. A psolista afirmou que o foco de seu governo seria combater as desigualdades e atender as áreas descobertas, nas fronteiras do Recife com outras cidades.

Teles criticou a “terceirização das responsabilidades” pelos municípios, que jogam problemas comuns para a gestão estadual ou federal, usando o transporte público como exemplo. “Falta a liderança de um prefeito que tenha a capacidade de juntar as pessoas na mesa”, disse.

Para Portela, pouco pode ser feito no transporte público sem ‘abrir a caixa preta’. ”É preciso que Recife, que tem assento no Consórcio, mude o cálculo dessa tarifa. Hoje, é calculado por passageiro. Impera a lógica do caos. Quanto mais lotado, mais lucrativo é para as mesmas empresas há 15 anos. Quem perde é o usuário”, declarou.

Drenagem

Campos questionou Teles sobre suas propostas para a drenagem na capital pernambucana. O candidato do Novo usou sua resposta para associar os últimos 12 anos de gestão do PSB ao atual prefeito. 

Saúde

Fechando as rodadas de perguntas, Dani Portela questionou Daniel Coelho sobre saúde, e criticou o uso de Parcerias Público-Privadas para o segmento, argumentando que os serviços não são de qualidade, e a saúde deveria ser 100% estatal.

Coelho defendeu as PPPs e propôs a implementação de telemedicina para agilizar a consulta do cidadão com o clínico-geral, e o exame com o médico especialista. Ainda, garantiu que vai ampliar em 50% as equipes odontológicas caso eleito, e fazer concurso para psicólogos e psiquiatras para atender pessoas no espectro autista.
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