ELEIÇÕES
Mesmo sem vice, PT reafirma apoio à reeleição de João Campos
Legenda acatou decisão nacional, mas há insatisfações com perda do protagonismo
Por: Guilherme Anjos
Publicado em: 22/07/2024 11:03 | Atualizado em: 22/07/2024 11:26
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Ricardo Stuckert/PR |
As lideranças do PT e PSB se reúnem nesta segunda-feira (22) no Recife para oficializar o fim da disputa pela vice do prefeito João Campos (PSB), após acordo nas instâncias nacionais decidir pelo nome do ex-chefe de gabinete Victor Marques (PCdoB). O ato deve contar com a presença da presidente petista Gleisi Hoffmann, que participou da formação da chapa junto ao presidente Lula (PT) e o mandatário recifense em Brasília.
Em resolução divulgada no último sábado (20), o diretório municipal do partido justifica que permanece na Frente Ampla em apoio à reeleição do socialista independente do revés sofrido. Tal caminho já havia sido adiantado pela própria Hoffmann, tanto em publicação nas redes sociais na última semana, onde anunciou o acordo firmado, quanto em sua última passagem pelo Recife no final de junho.
“O mais importante é ver quantos prefeitos e prefeitas do campo democrático-progressista foram eleitos, e que vão estar no palanque contra a extrema direita em 2026”, declarou à época, quanto questionada sobre se o PT continuaria apoiando João Campos mesmo sem compor a chapa majoritária.
Em troca de apoiar o vice da preferência de Campos, o socialista deve ser cabo eleitoral de Humberto Costa (PT) em 2026, quando disputa a reeleição no Senado. Apesar de acatado, o acordo amargou o paladar de petistas recifenses que sonhavam em assumir a Prefeitura em dois anos, caso um João Campos reeleito deixasse o cargo para disputar o Governo Estadual.
Nomes como o deputado estadual João Paulo (PT) chegaram a expressar seu desagrado com a posição de coadjuvante que a sigla assumiu no pleito, e defenderam uma candidatura própria no Recife, que não aconteceu - a primeira vez desde a redemocratização. Há também petistas que não reconhecem Marques como um nome “da Federação PT/PV/PCdoB”, visto que ele foi filiado aos comunistas há poucos meses, já visando compor a chapa.
Aproximação com Raquel
A relação de lideranças do PT com a governadora Raquel Lyra (PSDB) tem melhorado nos últimos meses. A tucana acena para Lula sempre que pode, e chegou a receber alguns afagos nas últimas passagens do presidente pelo Estado. No entanto, ainda é encarada como uma adversária amigável, enquanto João Campos é o preferido do petista.
No entanto, a proximidade pode indicar um revés para o prefeito em 2026. Com especulações de uma saída de Raquel do PSDB, a governadora pode se mover à esquerda e se tornar opção de palanque para os petistas, retribuindo a ‘traição’.
O sonho da vice
O PT se ofereceu para assumir a vice de João Campos ainda no início do ano. Internamente, havia a disputa entre dois nomes: o deputado federal Carlos Veras, e o ex-vereador Mozart Sales, assessor especial do Ministério das Relações Institucionais. Em junho, Veras jogou a toalha, e Sales foi indicado para o cargo.
Entretanto, o prefeito nunca pareceu considerar a proposta, especialmente quando filiou três secretários e seu chefe de gabinete em diferentes partidos, todos jovens e de sua confiança. Destes, dois foram exonerados: a então secretária de Infraestrutura, Marília Dantas (MDB), e Victor Marques.
Sempre que questionado sobre a vice, João Campos se esquivava, e dizia que a decisão estava sendo alinhada com Lula, e seria divulgada no tempo certo. A falta de qualquer aceno ao PT foi indicativo de que a vice era apenas um sonho para os petistas.
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