Política
Alvo de fake news, Dani Portela busca em Marielle inspiração para enfrentar os recentes ataques
Publicado: 29/04/2022 às 20:31
/Foto: Tom Cabral
A vereadora Dani Portela (Psol) tem sido vítima de diversos ataques cibernéticos após a propagação de fake news na última semana. As notícias falsas são referentes a um requerimento de autoria da parlamentar que sugeria à Prefeitura do Recife a retirada do busto do general Humberto Castelo Branco da ponte da Caxangá, Zona Oeste do Recife. Após ser alvo de injúrias, calúnias e até ameaças de morte, Dani Portela – vereadora mais votada nas eleições municipais de 2020, mulher negra, feminista e pré-candidata à deputada estadual – conta, em entrevista ao Diario, que a vereadora carioca Marielle Franco é sua inspiração para enfrentar os recentes ataques que tem sofrido.
“Não se silencia uma vereadora eleita. Eu não serei interrompida", diz Dani parafraseando fala de Marielle, proferida dias antes de ser assassinada no Rio de Janeiro, em 2018. “Essa é uma fala que impacta a todas as mulheres que decidiram ocupar o parlamento. Então, quando vem esses ataques sou alcançada por essa onda e lembro que não posso paralisar”, comenta a vereadora.
Com o ocorrido, diversas personalidades políticas de Pernambuco e de outras localidades do país manifestaram solidariedade à parlamentar. “A onda de solidariedade que tem vindo até a mim, principalmente de mulheres de várias partes do país, traz esperança e aquele sentimento de que ‘não mexe comigo que eu não ando só’”.
Entenda
De acordo com a parlamentar, o requerimento 3582/2022, alvo das fake news, faz parte de um pacote de medidas legislativas denominado “Memória, verdade e justiça”, proposta no mês passado em alusão ao dia 31 de março, data que desencadeou a Ditadura Militar, em 1964. Dentro do pacote também faz parte um Projeto de Lei (PL) que visa impedir homenagens a escravagistas, torturadores e violadores dos Direitos Humanos no município do Recife. Dentre os requerimentos que foram apresentados, está o que indica a retirada do busto do general Humberto Castelo Branco, primeiro nome a assumir a presidência durante o período do regime totalitário no Brasil.
Apesar dele ter sido proposto em março, o requerimento foi retirado da pauta duas vezes, voltando ao debate neste mês, sendo votado no dia 19 de abril na Câmara Municipal. Após ser rejeitado pela Casa, no dia 20 começaram as propagações das notícias falsas. As manchetes das fake news informavam que Dani Portela pedia a retirada do busto do general Castelo Branco para em seu lugar colocar o de Fidel Castro, ex-presidente de Cuba.
"Em nenhum momento a proposta era tirar um monumento e substituir por outro, nunca houve esse debate", afirmou Dani. "Com isso veio uma enxurrada de comentários de toda ordem que vão desde xingamentos até ameaças de pessoas dizendo que vão resolver a situação com cartucho 762 (em referência a um fuzil), alusão à torturas”, continuou. “Chegaram mensagens, inclusive, nos e-mails institucionais da Câmara de Vereadores, o que eu acho muito grave”.
Após os episódios criminosos, Dani foi à Delegacia da Polícia Civil onde fez um Boletim de Ocorrência com o intuito de identificar tanto os criminosos. “A partir daí foi instaurado um inquérito policial e também vamos tomar medidas cíveis pra que liminarmente sejam retiradas essas notícias falsas de todos os veículos e que estes sejam suspensos”, informou Dani que também disse que, quando identificados os sujeitos, entrará com ação indenizatória e, caso ganhe a causa, reverterá as indenizações para veículos de comunicação independentes “que fazem um trabalho democrático e responsável”, finalizou.
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