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Política
FILIAÇÕES E FEDERAÇÃO

João Azevêdo, governador da Paraíba, filia-se ao PSB e reforça quadros do partido

Publicado: 24/02/2022 às 17:16

/Foto: Divulgação

(Foto: Divulgação)

O atual governador da Paraíba (interessado em se reeleger), João Azevêdo, decidiu deixar o Cidadania, partido no qual ficou por cerca de dois anos, para retornar ao PSB nesta quinta-feira (24). 

O evento de filiação contou com a presença de pernambucanos, como o governador de Pernambuco e vice-presidente nacional da sigla, Paulo Câmara (PSB), o prefeito do Recife, João Campos (PSB), o deputado federal e pré-candidato ao governo de Pernambuco, Danilo Cabral (PSB), e o deputado federal Tadeu Alencar (PSB).

“Os representantes do PSB, PT e Republicanos dividem a alegria dessas boas-vindas. Esse não é um retorno qualquer, é o retorno de uma liderança que tem mostrado condições de governar para o povo, governar para melhorar a educação, a saúde, a segurança, a infraestrutura, a ciência e tecnologia. Governar para trazer para a Paraíba todo o progresso possível. Hoje temos um líder popular que reúne as melhores qualidades e condições para tirar o Brasil desse atraso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem nosso partido vai apoiar”, disse Carlos Siqueira.

Apoiadores paraibanos e de outros estados também marcaram presença, como o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, dos deputados federais Alessandro Molon (PSB-RJ), Frei Anastácio (PT-PB), Julian Lemos (UNIÃO-PB), Wilson Santiago (PTB-PB), do presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino, do deputado federal e presidente do PSB na Paraíba, Gervásio Maia, além de apoiadores de outras siglas e militantes. 

“Para mim, é uma alegria muito grande voltar ao partido que faz política da forma que eu acredito, que é a forma correta de se fazer. Com política de inclusão, olhando para as minorias, possibilitando que a gente possa compartilhar e dividir a renda que gera no estado com o povo mais humilde, que vai ser beneficiado pelo trabalho do governo”, disse João Azevêdo.

“Renascer”
 
 

O governador disse ainda que seu retorno ao PSB é “uma forma de renascer, é essa a minha sensação, de renascer dentro de um partido que lá em 2018, com uma campanha belíssima, nós levamos aos quatro cantos desse Estado o que era fazer política com inclusão, com justiça social, olhando os invisíveis da sociedade” além de ser uma “alegria extraordinária voltar ao partido que faz política da forma que eu acredito que é a forma correta de se fazer” e “onde gigantes da política nacional já passaram”.

No passado, Azevêdo já foi membro do PSB, mas decidiu deixar a sigla rumo ao Cidadania, que na Paraíba é comandado pelo chefe de gabinete do estado, Ronaldo Guerra, e tem como presidente nacional o ex-deputado Roberto Freire. 

O motivo de sua mudança de partido, no início de 2020, foi uma indisposição política com o ex-governador de seu estado, Ricardo Coutinho (ex-PSB, atual PT), de quem já foi aliado.

As razões para seu retorno ao PSB, decidido no dia 19 de fevereiro deste ano, foi a aprovação, por parte do Cidadania (presidido ao nível estadual por Roberto Freire), com o PSDB, que tem em seu quadro o deputado federal e presidente estadual da sigla, Pedro Cunha Lima, pré-candidato a governador - cargo que João Azevêdo pretende disputar - e opositor ao seu atual governo. 

Além disso, pesou o fato de que o PSDB lançou João Doria como pré-candidato à presidência, enquanto o atual governador da Paraíba pretende apoiar a eleição do ex-presidente Lula. 

PSB fortalece filiações

Há alguns meses, o PSB vem ganhando importantes reforços ao seu quadro de políticos. Para além dos filiados mais tradicionais e fieis, o partido conseguiu angariar filiações de peso desde meados de 2021, quando o governador do Maranhão, Flávio Dino, e o deputado federal pelo Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, deixaram o PCdoB e o PSOL, respectivamente, rumo ao PSB. À época, ambos afirmaram que a mudança tinha como objetivo principal enfraquecer e derrotar Bolsonaro eleitoralmente em 2022. 

À época, Dino afirmou que sua ida ao PSB “é um encontro com este momento atual em que autenticamente se exige tanto da militância patriótica e socialista do Brasil” e que tem, junto a outras forças democráticas uma grande tarefa. “Por mais absurdo que seja, o Bolsonaro será candidato a reeleição. Por sobre uma pilha de tragédias, nada de positivo a apresentar e obras não há. Derrota-lo não é tarefa de poucos, não é tarefa de muitos, é de todos", afirmou o governador. 

Freixo seguiu um caminho parecido, alegando que “é hora de colocarmos nossas divergências em segundo plano para resgatarmos o país do caos e protegermos a vida dos brasileiros". O político fluminense já deixa claro que seu nome está posto para a disputa pelo governo do Rio de Janeiro. 

Em setembro, foi a vez da deputada federal Tabata Amaral, até então filiada ao PDT, ganhou um recurso que solicitava a mudança de sigla sem perda de mandato para seguir rumo ao PSB devido a uma punição que sofreu por votar favoravelmente à reforma da previdência, contrariando a orientação de sua antiga sigla. 

Na época de sua filiação, Tabata defendia um discurso de terceira via, muito alinhado com o posicionamento do PSB no Recife, onde João Campos, então candidato à Prefeitura da capital e namorado da parlamentar, fez uma campanha pautada no anti-petismo. “Que a gente consiga quebrar a polarização. Quais são os pontos que unem da esquerda à direita? Eles existem!”, disse a deputada. 

Hoje, diante da volta do PT à Frente Popular em Pernambuco e de uma união entre as siglas ao nível nacional, com vistas à formação de uma federação que ainda incluiria o PV e o PCdoB, e apoio incontestável à candidatura de Lula (inclusive por parte de Paulo Câmara, João Campos, Danilo Cabral e Carlos Siqueira), Tabata segue afirmando em entrevista ao Flow Podcast no dia 8 de fevereiro, que prefere votar em Ciro Gomes, presidenciável de seu antigo partido. “Entre Ciro e Lula?", perguntou o ex-apresentador do programa, o youtuber Monark, ao que ela confirmou: "Ciro".

Federação

A filiação de nomes fortes da política nacional - e regional, em alguns casos - ao PSB, ao que tudo indica, tem uma forte relação com a união do partido ao PT (e outras siglas) em uma federação - instrumento no qual partidos se unem e agem como um bloco unido pelos próximos quatro anos nas esferas nacional, estadual e municipal. 

A ideia, segundo membros do PSB e do PT, é unir forças para fortalecer as possibilidades de eleição e consequentes condições de governabilidade para Luiz Inácio Lula da Silva como presidente da República, com todos os acertos estaduais planejados segundo tal premissa. 

Caso aprovada, a federação representaria uma união desses partidos em um grande bloco que permita aprovar projetos de um eventual governo Lula, defendido pelos partidos em questão. 

O projeto de filiação de nomes conhecidos e com forte influência política para o PSB pode ser interpretado como um meio de unir forças na federação que está sendo negociada, aglutinando nomes que se opõem a Bolsonaro e apoiam Lula, ajudando a fazer frente ao centrão no Congresso.  

Ainda há obstáculos em discussão, como a disputa entre Fernando Haddad (PT) e Márcio França (PSB) pela indicação para disputar o Governo do Estado de São Paulo e outros estados onde os dois partidos ainda divergem. 

Assim, enquanto buscam aparar suas arestas e equilibrar a balança de poder dentro da federação, membros de ambos os partidos demonstram, em suas falas públicas, disposição de resolver os problemas e “bater o martelo” sobre todas as questões ainda indefinidas até março, fim do prazo para oficializar as federações junto ao TSE. 

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