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Política

Mulheres aprovam 77% das emendas na Câmara do Recife

Publicado: 07/07/2021 às 14:59

/Câmara Municipal do Recife/ Reprodução

/Câmara Municipal do Recife/ Reprodução

Representando 54% da população pernambucana, as mulheres ocupam apenas 17,9% das cadeiras da Câmara Municipal do Recife, sendo sete vereadoras para um total de 39 parlamentares. Mesmo sendo um pedaço significativamente menor da Casa, elas são responsáveis por cerca de 77% das emendas aprovadas em 2021.

A vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) é a parlamentar com mais emendas aprovadas, tendo um total de 19, das 44 apresentadas. Para Cida, essa diferença entre o trabalho das mulheres e o dos homens na Câmara se dá por uma estrutura patriarcal, que obriga as mulheres a se esforçarem mais como “prova” de seu valor, enquanto os homens já teriam aquele espaço garantido por natureza. “As mulheres estão sempre se esforçando muito mais, como se fosse para se provar. A gente tem que levantar a voz para se fazer ouvir”, comentou.

De acordo com a vereadora, a discrepância do número de emendas aprovadas pelas mulheres, somada ao fato delas serem minoria dentro da Câmara denota a necessidade da presença de mais mulheres em cargos de poder. “Esse percentual de emendas aprovadas por mulheres demonstra o quanto o espaço de poder precisa dessa representatividade, é urgente”, assinalou. Cida também apontou a diferença ideológica entre as sete mulheres na Câmara, mas afirmou que a união entre elas é certeira quando a pauta gira em torno dos direitos das mulheres.“É a nossa pauta em comum. As mulheres, independente de questões ideológicas, são muito ativas na Câmara do Recife, todas elas”, cravou.

Dani Portela (PSOL) é a segunda parlamentar com mais emendas aprovadas. A vereadora apresentou 78 projetos e conseguiu aprovar 15. Dani destacou que em 2020 Recife elegeu a maior bancada feminina da história da Casa. “É a maior bancada feminina da história e são apenas sete vereadoras. É uma discrepância muito grande na ocupação no espaço político”, frisou. Dani apontou que as mulheres representam mais da metade da população pernambucana e a pouca quantidade das mulheres em cargos públicos mina o conceito de democracia. “As casas legislativas não estão representando essa democracia representativa, não somos nem 12% nas Casas. Com menos mulheres na política, há menos políticas públicas para as mulheres”, disparou.

Para a psolista, a presença feminina dentro dos parlamentos é uma “grande conquista”, visto que há menos de cem anos as mulheres mal haviam conquistado o direito de voto no Brasil. “A gente demorou tanto para chegar na política que chegamos com muita vontade de fazer o trabalho, historicamente foi um espaço que nos foi muito negado. Ter mulheres no parlamento é uma conquista muito recente”, raciocinou. A parlamentar também apontou que, apesar desta ser a maior bancada feminina da história, há muito conservadorismo na Câmara.  “Nada vem para nós sem a nossa representação, precisamos falar por nós. Nada sobre nós sem nós”, pontuou.

Tanto Dani quanto Pedrosa chegaram ao mesmo ponto: a necessidade de mulheres votarem em mulheres. “Essa cidade é feita por homens, as mulheres estão aqui para mudar isso, por isso é importante ter mulheres na câmara que lutem pelas causas das mulheres”, concluiu Cida. “A gente precisa de uma democracia representativa, por isso é importante que as mulheres fortaleçam a luta de outras mulheres em todos os espaços públicos”, concordou Dani.


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