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Eleições 2020

Jovens vão às urnas pela primeira vez em meio à pandemia e incerteza política

Publicado em: 13/11/2020 20:06

O estudante Lucas José da Silva, de 19 anos, votará pela primeira vez neste ano.  (Foto: Cortesia)
O estudante Lucas José da Silva, de 19 anos, votará pela primeira vez neste ano. (Foto: Cortesia)
Há pelo menos cinco anos, o cenário político em todo o Brasil vive um momento de efervescência. Operação Lava-Jato, impeachment, eleições presidenciais em 2018… E é nesse panorama de polarização, agravado ainda pela pandemia do novo coronavírus, que quase 5 milhões de jovens entre 16 e 19 anos irão às urnas no Brasil pela primeira vez neste domingo (15). 

Em Pernambuco, são pouco mais de 250 mil eleitores nessa faixa etária, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas a expectativa para o primeiro voto não é das melhores para muitos deles. É o caso da estudante Clara Palhares, de 19 anos. “Eu desisti um pouco do cenário político brasileiro esse ano. Todas as informações que chegam só pioram a minha saúde mental”, conta ela, que ainda não chegou a escolher um candidato nestas eleições.

Clara é um pouco pessimista em relação ao futuro político do Brasil. “Sinceramente, esses tempos têm sido bastante desesperançosos. Fico me perguntando constantemente como isso poderia mudar, talvez elegendo candidatos mais novos, porque se continuarmos escolhendo as mesmas pessoas, a situação vai se manter na mesma”, acredita.

O estudante Lucas José da Silva, de 19 anos, também votará pela primeira vez neste ano. Apesar de acompanhar o cenário político não só do Brasil, ele ainda não decidiu em quem vai votar. “Estou fazendo algumas pesquisas para saber qual o melhor. O que faz eu me identificar com um candidato são quando ele tem propostas de caráter social, ajudando minorias, principalmente no campo de educação e da saúde”, explica.

Mesmo confessando não saber o que o futuro reserva para a política no país, Lucas não deixa de esperar tempos melhores. “Eu não consigo traçar uma visão bem estabelecida. Acho meio incerto. Eu tento olhar com uma visão mais otimista, espero que possamos aprender com esse período”, afirma. 

Para o cientista político Juliano Domingues, a relação dos jovens com a política é uma questão bastante profunda. “O que os dados têm demonstrado, pelo menos aqui no Brasil, é uma baixa adesão dos jovens na participação nas eleições. Estima-se que essa será a menor participação dos jovens desde 1990, mas isso não quer dizer que eles estejam descrentes com a política. Podemos afirmar que uma parcela dos eleitores jovens está descrente com as formas tradicionais de representação política. Tanto que há uma série de movimentos pelo mundo compostos por jovens que questionam as formas tradicionais de representação política”, analisa. 

Juliano acredita que os candidatos têm o desafio de se aproximar dessa parcela do eleitorado. “Podemos destacar dois pontos. O primeiro deles é comunicacional. Há um problema de comunicação a ser solucionado por parte dos representantes políticos, que promova uma identificação nos eleitores jovens. O segundo é em relação às regras do sistema eleitoral, que acabam induzindo uma sensação de sub-representação de determinados grupos”, argumenta.

O cientista político ainda faz um alerta para os jovens eleitores. “Quando os jovens se distanciam do processo político eleitoral eles acabam reduzindo a chance de aumentar sua representação através dos políticos”, avisa.

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