Campanha eleitoral

A estratégia de Alckmin e Marina para tentar decolar nas pesquisas

Considerados os presidenciáveis mais moderados, a candidata da Rede está perdendo votos e o tucano não decola. Na busca pela reação, a ex-senadora mira eleitores de Haddad e Ciro, e o ex-governador tenta atrair os antipetistas

Publicado em: 13/09/2018 07:36 | Atualizado em: 13/09/2018 07:42

Geraldo Alckmin cresce muito lentamente nas intenções de voto, e Marina Silva caiu do segundo para o terceiro lugar nas pesquisas eleitorais
(foto: AFP / NELSON ALMEIDA )

Com a mudança no cenário eleitoral às vésperas de os brasileiros irem às urnas, Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSBD), os dois candidatos à Presidência da República considerados os mais moderados, estão tecnicamente empatados. Enquanto a candidata caiu do segundo para o terceiro lugar nas pesquisas mais recentes de intenção de voto, o tucano cresce a passos lentos, apesar de contar com a maior coligação e mais tempo de exposição na tevê e no rádio que qualquer outro presidenciável.

Cada um enfrenta um desafio diferente, mas a estratégia dos dois passa por um ponto em comum: tentar impedir o candidato do PT, Fernando Haddad, de decolar nas pesquisas. Como o petista é considerado o nome com maior potencial de crescimento, agora que passou a substituir oficialmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro —, os esforços estão concentrados em atacá-lo e impedi-lo de chegar ao segundo turno.

Com a perda de espaço, Marina precisa não só recuperar os votos perdidos nas últimas semanas, mas conquistar os de outros candidatos da centroesquerda, como Haddad e Ciro Gomes (PDT). O objetivo dela é conseguir pescar a maior quantidade de votos que iriam para Lula, uma tarefa complicada, na avaliação do gerente de análise política da Prospectiva Consultoria, Thiago Vidal. “Com a entrada do Haddad na disputa, parece muito pouco provável que ela consiga. A eleição não tinha começado até Haddad entrar no jogo”, destacou.

Já a situação de Alckmin é diferente. Embora ainda não tenha decolado, o tucano mostra crescimento lento entre uma pesquisa e outra. Mas, para que chegue competitivo ao primeiro turno, precisará subir 3% por semana e empatar com Jair Bolsonaro (PSL), uma média que não tem conseguido atingir. Um dos obstáculos é fazer com que os aliados, de fato, o apoiem. Um candidato que tem 10 minutos de tempo de televisão e a maior coligação entre os postulantes aparecer com apenas 10% da intenção de voto é bem abaixo do esperado, conforme avaliam os especialistas.


“Com a entrada do Haddad na disputa, parece muito pouco provável que ela (Marina) consiga (votos que iriam para Lula). A eleição não tinha começado até Haddad entrar no jogo”, Thiago Vidal, gerente de análise política da Prospectiva Consultoria

Uma das explicações para isso é que falta apoio na ponta. De acordo com levantamento feito pela Prospectiva, quase metade dos aliados de Alckmin nas prefeituras do Nordeste não o defende nos palanques e propagandas. Na prática, está mais alinhada com os candidatos a governador. Do potencial de 856 municípios da região, que contam com 14 milhões de eleitores, o tucano chega a apenas 412, ou 8 milhões.

“Metade do apoio dos municípios é jogado fora quando se considera o potencial de votos”, resume Vidal. Não significa que esses 412 estão fazendo campanha para Alckmin, mas que os outros não estão. “Isso pode explicar por que ele não decola, já que a mesma situação acontece em outras regiões”, afirma o especialista.

Antipetistas
A esperança de Alckmin é que os eleitores antipetistas de Bolsonaro percebam que quem tem mais chance de vencer o PT no segundo turno é ele, não o candidato do PSL. Pela pesquisa mais recente do Datafolha, em um eventual segundo turno entre Alckmin e Haddad, 43% dos eleitores optam pelo tucano, enquanto 29% votariam no petista. Já entre Bolsonaro e Haddad, daria empate técnico, com 39% para Haddad e 38%, para Bolsonaro. “Pode haver uma migração de última hora, para fazer um voto útil contra o PT”, diz Vidal.

Ontem, em evento em Minas Gerais, Alckmin afirmou que “Bolsonaro é um passaporte para voltar o PT”. Segundo ele, “é só olhar o segundo turno”. “Você vota em um e elege o outro. Isso é um fato. Então, vamos trabalhar muito para chegar ao segundo turno”, declarou. O analista político Creomar de Souza acredita que o tucano ainda não acertou o tom da campanha. “Tentava falar mal do Bolsonaro, mas agora quer construir uma narrativa antipetista”, avalia.
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