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Bancada pernambucana preocupada com discurso pró-intervenção militar

O temor se dá porque, ainda que seja uma minoria, há pessoas dispostas a abrir mão do voto, de sua escolha livre e responsável, para defender uma saída armada e antidemocrática para a crise

Publicado em: 31/05/2018 16:33

Humberto Costa, Luciana Santos, Daniel Coelho e Mendonça Filho se posicionam sobre pedidos de intervenção militar na greve dos caminhoneiros. Foto montagem

 

Os pedidos de intervenção militar feitos nas estradas durante a greve dos caminhoneiros, que praticamente parou o Brasil, acendeu o alerta na bancada federal de Pernambuco. A preocupação maior surgiu entre os representantes da chamada esquerda e do centro. As faixas verde e amarelas estendidas nas rodovias lembraram, para alguns, o início de uma fase histórica brasileira que durou 21 anos e começou com a deposição do então presidente João Goulart em abril de 1964. O temor se dá porque, ainda que seja uma minoria, há pessoas dispostas a abrir mão do voto, de sua escolha livre e responsável, para defender uma saída armada e antidemocrática para a crise.

Segundo o deputado federal Daniel Coelho (PPS), o clima é de tensão no Congresso Nacional. O período de exceção terminou em 1985 e, para ele, muitos jovens não sabem e não acreditam que houve um golpe militar. Em 2008, por exemplo, uma pesquisa feita pelo Datafolha mostrava que 82% dos brasileiros nunca tinham ouvido falar sobre o Ato Institucional Número 5, o AI-5, o mais duro golpe do regime. Ele lembrou que, entre outros pontos, a ditadura acabou com a liberdade de expressão, promoveu tortura, fechou o Congresso Nacional e cassou os mandatos eletivos. “De tudo o que mais preocupa é ter uma geração que não acredita mais que houve um golpe militar no país, está se negando a própria História”, declarou Daniel. “O que houve para muitos políticos que estavam vivendo no mundo da lua, concentrados na polarização, foi: a ficha caiu”. O deputado federal ressaltou que o próprio PT banalizou a palavra “golpe”, ao usá-la no processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), e estimulou esse debate sobre intervenção militar.

O líder da oposição no Senado, Humberto Costa (PT), reagiu às declarações de Daniel Coelho e sustentou a versão de que o impeachment de Dilma foi um “golpe parlamentar”, “sem armamento”. “Ele diz que o golpe parlamentar contra Dilma não aconteceu, porque foi um dos golpistas que investiu pesado para derrubar a Dilma”, atacou. Humberto acrescentou, ainda, que a esquerda brasileira está de sobreaviso com o movimento de parte dos caminhoneiros, no qual houve “infiltrados”, ligados a grupos “fascistas”. “Preocupa um movimento sem direção, sem bandeiras claras, que tem uma série de infiltrados, oportunistas e fascistas. Temos que combater esses grupos minoritários e denunciar o que significa uma ditadura, mostrar que houve falta de liberdade, violência, tortura e aumento da desigualdade”.

O PCdoB usou cautela nas palavras para não ir de encontro ao movimento dos caminhoneiros, também formado por trabalhadores. Nas redes sociais, no entanto, ela insistiu nas palavras “democracia e diálogo”. “A saída para atual crise passa pelo fortalecimento da democracia com a garantia da realização de eleições livres e democráticas, onde o povo possa escolher livremente entre os candidatos e programas apresentados”.

O deputado federal Mendonça Filho (DEM), por sua vez, não acredita que o movimento visto durante a greve dos caminhoneiros estimule uma intervenção. “Para mim, a intervenção está totalmente descartada. O que me preocupa é, por conta do desastre da situação política do país, existam pessoas apostando numa saída que confronta com a constituição”.

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