DIARIO Editorial: Vacinar é preciso

Publicado em: 18/09/2017 07:28 Atualizado em: 18/09/2017 07:29

Varíola, sarampo, caxumba, paralisia infantil e tantas outras enfermidades faziam parte do dia a dia dos brasileiros. Com a cobertura vacinal, iniciada há meio século, registraram-se avanços quase milagrosos se considerarmos as dimensões continentais do país. A varíola desapareceu em 1973; a poliomielite, em 1989; a transmissão autóctone de sarampo, em 2001. A ocorrência das demais doenças vem decrescendo ano após ano. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera as campanhas brasileiras exemplo a ser seguido.
Apesar do êxito, ou talvez graças a ele, há queda na procura por imunização. Segundo estimativas do Ministério da Saúde, 53% das crianças e adolescentes de até 15 anos estão com doses em atraso. O percentual abrange cifras alarmantes: mais de 3,8 milhões de bebês de até um ano estão sem proteção, por exemplo, contra hepatite B, pneumonia, rotavírus, meningite C. Na faixa etária a partir de um ano, 4,2 milhões estão em atraso na prevenção de sarampo, catapora, caxumba. O quadro mais dramático atinge os adolescentes: 9,6 milhões deixaram para lá as vacinas contra meningite, HPV, hepatite B e febre amarela.

O fato não constitui fenômeno nacional. O Conselho Federal de Medicina e a Sociedade Brasileira de Pediatria divulgaram em junho alerta sobre os perigos do movimento antivacina. Europeus e norte-americanos difundem a tese de que vacinas são inseguras e ineficazes por trazerem elementos tóxicos na composição. Outros métodos seriam capazes de substituí-las. A internet se encarrega de disseminar os boatos que, embora sem base científica alguma, tomam ares de verdade.

Não só. Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, alertou para o risco da divulgação em massa do conteúdo falso. De um lado, reforça a posição dos que se opõem à imunização. De outro, assusta pessoas que desistem da prevenção. Não há necessidade de bola de cristal para vislumbrar a consequência das duas posições — a baixa da cobertura vacinal. Com ela, a volta de males erradicados e o retrocesso no avanço dos demais.
É bem-vinda, pois, a ofensiva do Ministério da Saúde para atualizar as cadernetas de vacinação e proceder à vacinação de rotina. A meta: de 11 a 22 de setembro, imunizar 47 milhões de brasileirinhos. Impõe-se conscientizar a população, especialmente os pais, para que façam o que devem fazer: além de proteger os filhos, evitar problemas para a saúde pública. Campanhas educativas e atuação efetiva dos médicos na orientação dos pacientes devem se transformar em rotina. Como disse Ricardo Barros, titular da pasta da Saúde, “todos os dias são dias de vacina. Só assim a população estará protegida contra uma série de doenças preveníveis”.


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