Opinião Marly Mota: Ribeiro Couto e a sequência dos sonhos Marly Mota é da Academia Pernambucana de Letras

Publicado em: 22/07/2017 08:17 Atualizado em:

Há um provérbio chinês: “Nunca ria dos sonhos dos outros. Quem não tem sonhos tem muito pouco”. Deles, dia a dia, somos subordinados a guardá-los na memória. Deixá-los morrer confinados na memória, que em muitos casos, já agoniza, é ocultá-los nas gavetas, junto aos cadernos, cartas, retratos ali confinados. Dos sonhos carecem os escritores, poetas, compositores, artistas, arquitetos, políticos e tantos mais. Guardo na memória e nas gavetas as minhas fantasias como refúgio. Lembra ainda o provérbio chinês: “quem não tem sonhos tem muito pouco”.

Muitos afirmam que os sonhos influenciam decisões. Os milhares de sonhos que a Mega-Sena sugere, os que se aventuram através do democrático e popular “jogo do bicho”: sonhar viajando dá camelo; com ônibus colorido, pavão; com a polícia, dá macaco; com traição, dá cobra. Sá Ana, nossa ama, jogava dois tostões no “bicho”. Seu sonho era botar um dente de ouro.

Ah, como sonhei com o cinema e com galãs dos filmes americanos! Quem não se lembra do tema musical Summer time in Venice e Que c’ést triste Venise, na voz inconfundível de Charles Azsnavour, que encantada ouvi sob as pontes que cruzam os canais. Na Praça São Marcos, que Napoleão considerada a mais bela do mundo. Há um forte apelo pela preservação no amor que se tem por Veneza.

No livro de Cândido Portinari – 1903-1962 – O menino de Brodósqui, ele diz para o filho João Cândido: Sabe por que é que pintei meninos em gangorra e balanço? Para botá-los no ar feitos anjos. Balançando-me à sombra da mangueira do quintal da minha casa, só Deus sabe até onde o sonho me levava.

O artista catalão Salvador Dali afirmava que o sonho foi o seu instrumento de trabalho. O músico Paul Mc Cartney compôs, inspirado num sonho, Yesterday, inserida no livro Guinness Records, como a música pop e maior sucesso.
Casualmente, sonho tocando piano, chego até a ouvir o som do teclado. Às vezes, o sonho chega com pesadelo, levando-me, aflita, a lugares nunca dantes visitados. 

[...] “a ninguém que passava eu poderia/ estender a mão, querer falar/ pedir fraternidade e companhia/ Era só na paisagem milenar. Fragmento do poema Perto e Longe, do poeta jornalista, magistrado, diplomata e romancista, Ribeiro Couto, guardado na Gaveta dos Sonhos.
 


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