Opinião Jacques Ribemboim: Judaísmo e psicanálise Jacques Ribemboim é economista e escritor

Publicado em: 07/06/2017 07:55 Atualizado em:

O interesse dos judeus pela psicanálise já é notório. Em seus primórdios, chegava-se mesmo a comentar que esta ciência havia surgido em resposta às demandas frequentes de ricas senhoras judias de Viena na virada para o século 20. Não é para menos que Freud, Karl Abraham, Adler e seus discípulos imediatos fossem todos israelitas. Aquela era a cidade de Gustav Klimt, ambiente propício ao desenvolvimento de uma medicina da alma, algo que adentrasse no mais profundo da psique humana. O historiador Paul Johnson, em seu livro História dos Judeus, afirma que, em suas origens, o pensamento freudiano fora quase um credo, praticado e disseminado por judeus e para judeus.

As abordagens iniciais deram origem a diversas vertentes, quase todas aglutinadas em torno de algum núcleo judaico, citando-se, como, por exemplo, o de Eric Fromm, com sua teoria do humanismo normativo; ou o de Fritz e Laura Perls, Solomon Asch e Max Wertheimer, fundadores da psicoterapia de Gestalt e da psicanálise social; sem esquecer o núcleo de Melanie Klein, a mais influente neo-freudian, com seu conceito de estruturas primitivas psicóticas, que teve em Hanna Seagal e Susan Isaacs suas mais importantes continuadoras.

Em Nova Iorque, nos anos setenta, corria a piada de que a psicanálise era uma “seita judaica” e a lista telefônica dos psychologists era praticamente um léxico de nomes asquenazes. A coisa tinha virado moda e tomado tal proporção que, descontando-se os religiosos ortodoxos, praticamente todo judeu se achava forçosamente de um lado ou outro do divã, fosse na qualidade de psicanalista, de paciente, ou dos dois, simultaneamente.

Em Pernambuco, mutatis mutandis, não foi diferente. A proporção de médicos psiquiatras, psicanalistas e psicoterapeutas é grande e continua a atrair jovens em uma proporção bem maior que a da população semita em relação à total.

Médicos pioneiros como Sara Erlich, George Lederman, David Azoubel, Bela Rushansky, Samuel Hulak, Meraldo Zisman, Rubem Knecht foram seguidos por outros mais jovens como Gilda Kelner, Gilson Cozer, Sarita Wolffenson e Márcio Zisman ou psicoterapeutas destacados como Eva Torban, Esther Steremberg, Ester Stambovsky, Sílvia Dimenstein, Anete Azoubel, José Paulo Naslavsky, Deborah Foiquinos, Clara Ribemboim, Reveca Bouqvar, Liana Feldman, Batia Lederman e outros de uma extensa lista, demonstrando que o Recife não foge à regra de Viena e Nova Iorque1.

1- Eventuais omissões ou esquecimentos não foram intencionais.


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