Crise política
Uma nação mergulhada em escândalos e em corrupção
Especialistas falam da crise política que, evidenciada, impacta na vida do brasileiro
Por: Aline Moura - Diario de Pernambuco
Publicado em: 21/05/2017 13:02 Atualizado em: 21/05/2017 13:03
O encontro de Joesley com o senador Aécio Neves (PSDB) também teria acontecido em março passado, quando o parlamentar pediu R$ 2 milhões para pagar o seu advogado de defesa. Aécio, que acusava Dilma de corrupção, ironizou a Lava-Jato ao conversar com Joesley sobre o emissário que mandaria para pegar o dinheiro. “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu.”
Advogados criminalistas ressaltam que um dos maiores erros da Lava-Jato diz respeito à falta de critérios da delação premiada, porque há delatores que mentem e não perdem os benefícios e há “colaboradores” que só falam depois de não terem mais saída - como Joesley. O empresário ainda ganhou dinheiro vendendo dólares que comprou mais barato quando sua delação foi divulgada.
Fundador da Éticas Consultoria, filósofo e mestre em Bioética, Samuel Sabino ressalta, em entrevista ao Diario, que a crise política atual é a pior já vivida pelo Brasil por dois motivos. Primeiro, porque ela impacta as gerações do presente - ou seja, é a pior para quem assiste ao vivo. Segundo, porque não houve tanto conhecimento sobre a corrupção como agora, uma vez que os escândalos são compartilhados rapidamente nas redes sociais. “Um dos caminhos é: temos que parar de querer defender partido A, B ou C. Quando se parar com o discurso ideológico, aumentaremos a nossa intolerância com eles, que são intolerantes e opressores conosco. Nós precisamos demitir esses patrões e nos tornarmos patrões deles”.
O jurista Luiz Flavio Gomes, criador do Movimento Quero um Brasil Ético, tem uma avaliação um pouco diferenciada de Samuel Sabino sobre o tamanho da crise. Para ele, desde o governo de José Sarney, na década de 1980, o Brasil é governado por “um crime organizado”. O jurista também é autor do livro O jogo sujo da corrupção. “O que é o crime organizado? São pessoas que se reúnem para roubar o Brasil. Agora, eles estão roubando R$ 600 milhões por dia”, frisou, dizendo ter estudos que comprovem a denúncia. Luiz Flávio acrescenta que a Lava-Jato ainda não atingiu o papel didático. “Para acabar com isso é a responsabilidade de cada cidadão votar corretamente e eleger novas lideranças confiáveis”.
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