Crise política Uma nação mergulhada em escândalos e em corrupção Especialistas falam da crise política que, evidenciada, impacta na vida do brasileiro

Por: Aline Moura - Diario de Pernambuco

Publicado em: 21/05/2017 13:02 Atualizado em: 21/05/2017 13:03

Corrupção é uma das palavras mais citadas nas redes sociais - espaço virtual de protesto. Somente neste governo de Michel Temer (PMDB), sete ministros caíram por envolvimento em escândalos. Mas o que mudou na prática? As lideranças políticas deixaram de cobrar propina? A relação entre empresas privadas e vida pública evoluiu? Ainda não. Estão sendo investigados oito ministros, três governadores, 24 senadores e 39 deputados federais, mas o empresário Joesley Batista conseguiu, sem medo, entrar no Palácio do Jaburu em uma terça-feira, 7 de março deste ano, e confessar crimes a Temer sem sofrer punição. Logo depois, ele se encontrou com um deputado que seria um homem de confiança do presidente, Rodrigo Rocha, e o parlamentar aceitou pagamento indevido para interferir em uma disputa com a Petrobras - mote de investigação da Operação Lava-Jato desde 2014.
O encontro de Joesley com o senador Aécio Neves (PSDB) também teria acontecido em março passado, quando o parlamentar pediu R$ 2 milhões para pagar o seu advogado de defesa. Aécio, que acusava Dilma de corrupção, ironizou a Lava-Jato ao conversar com Joesley sobre o emissário que mandaria para pegar o dinheiro. “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu.”

Advogados criminalistas ressaltam que um dos maiores erros da Lava-Jato diz respeito à falta de critérios da delação premiada, porque há delatores que mentem e não perdem os benefícios e há “colaboradores” que só falam depois de não terem mais saída - como Joesley. O empresário ainda ganhou dinheiro vendendo dólares que comprou mais barato quando sua delação foi divulgada.

Fundador da Éticas Consultoria, filósofo e mestre em Bioética, Samuel Sabino ressalta, em entrevista ao Diario, que a crise política atual é a pior já vivida pelo Brasil por dois motivos. Primeiro, porque ela impacta as gerações do presente - ou seja, é a pior para quem assiste ao vivo. Segundo, porque não houve tanto conhecimento sobre a corrupção como agora, uma vez que os escândalos são compartilhados rapidamente nas redes sociais. “Um dos caminhos é: temos que parar de querer defender partido A, B ou C. Quando se parar com o discurso ideológico, aumentaremos a nossa intolerância com eles, que são intolerantes e opressores conosco. Nós precisamos demitir esses patrões e nos tornarmos patrões deles”.

O jurista Luiz Flavio Gomes, criador do Movimento Quero um Brasil Ético, tem uma avaliação um pouco diferenciada de Samuel Sabino sobre o tamanho da crise. Para ele, desde o governo de José Sarney, na década de 1980, o Brasil é governado por “um crime organizado”. O jurista também é autor do livro O jogo sujo da corrupção. “O que é o crime organizado? São pessoas que se reúnem para roubar o Brasil. Agora, eles estão roubando R$ 600 milhões por dia”, frisou, dizendo ter estudos que comprovem a denúncia. Luiz Flávio acrescenta que a Lava-Jato ainda não atingiu o papel didático. “Para acabar com isso é a responsabilidade de cada cidadão votar corretamente e eleger novas lideranças confiáveis”.

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