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Propinas Na carona dos investimentos Valores financeiros elevados em infraestrutura encheram os olhos de várias empreiteiras do país

Publicado em: 30/04/2017 13:46 Atualizado em:

Canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte também foi alvo dos esquemas de corrupção. Foto: AFP Photo/Evaristo Sá
Canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte também foi alvo dos esquemas de corrupção. Foto: AFP Photo/Evaristo Sá

Em seu discurso na cerimônia do PAC, o ex-presidente Lula, sobrevivente da crise do mensalão e recém-empossado para o segundo mandato, fez um dos seus tradicionais discursos ufanistas. “É tempo de ampliarmos ainda mais a nossa esperança no Brasil. Na verdade, o Brasil é um dos países que não deram margem nos últimos tempos à perda de esperança. Mesmo aquelas pessoas que, por precipitação emocional ou volúpia interesseira, viram em problemas passageiros alimento para uma retórica da desesperança, mesmo elas não tiveram combustível para prosperar em seu pessimismo”, disse o petista à época.

“Havia a intenção do governo de aquecer a economia, destravando os investimentos em infraestrutura. Mas por outro lado, isso acabou estimulando o que estamos vendo. Onde existe obra, existe corrupção”, afirma Gil Castello Branco, presidente da ONG Contas Abertas. A professora de Ciência Política da Fundação Getulio Vargas (FGV-RJ) Sônia Fleury Filho também não acredita que o PAC foi criado apenas para estimular a corrupção e se transformar em um mecanismo de arrecadação de propina para financiar campanhas eleitorais. “O problema é que, depois que programas como esse são lançados, acabam mergulhando em escândalos de corrupção. Como o próprio Emilio (Odebrecht) disse em sua delação, essa prática era generalizada e acontece há décadas”, acrescenta.
O professor emérito da UnB David Fleischer é menos otimista que Sônia, ao lembrar o consórcio de interessados que se formou ao redor das obras do PAC, composto por empreiteiras, funcionários públicos e grandes partidos, como o PT e o PMDB. “Poderia até impulsionar a economia, mas tinha interesses políticos e eleitorais, tanto que Dilma foi eleita com a alcunha de mãe do PAC”, diz David.
 
Gil tem uma proposta ainda mais radical. Para ele, não apenas o PAC está com uma nuvem sobre si, mas todas as grandes obras feitas pelas empreiteiras que estão sob investigação do juiz Sérgio Moro e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin. “Nenhuma delas agia por caridade com a classe política ao pagar as propinas. O superfaturamento incluía o lucro que as empresas queriam e o dinheiro que deveria ser repassado aos agentes políticos”.

O economista afirma que, com isso, o país perdeu a referência de quanto custa uma grande obra. “A gente até desconfiava de que algumas coisas estavam erradas, como o Estádio Nacional de Brasília (Mané Garrincha), considerado um dos mais caros do mundo. Mas as coisas saíram do controle.” (Do Correio Braziliense)

[Os Gigantes do PAC


1 - Refinaria Premium I (MA)
2 - Refinaria Abreu e Lima (PE)
3 - Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (RJ)
4 - Usina Hidrelétrica Belo Monte (PA)
5 - Usina Hidrelétrica Santo Antônio (RO)
6 - Usina Termelétrica Nuclear Angra3  (RJ)
7 - Usina Hidrelétrica Jirau (RO)
8 - Conversão da Refinaria Presidente Getulio Vargas (PR)
9 - Trecho sul da Ferrovia Norte-Sul Palmas-TO a Bárbara d'Oeste-SP
10 - Piloto de Produção do campo Lula do pré-sal (RJ)

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