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Mudança de costume

Carlos Carvalho
Advogado

Publicado em: 11/10/2023 03:00 Atualizado em: 10/10/2023 23:16

Recebo zap de minha mãe: “No tempo de sua bisavó, o ritmo dos movimentos do leque, ao abanar, indicava o estado civil da portadora! Devagar quase parando, lento e acelerado!!!...”

Na semana passada, fui a Campina Grande - PB, em seguida, a João Pessoa, e finalmente a Recife, e, durante todo o trajeto, conversei com um amigo nascido no interior da Paraíba. Ao chegar em casa, lembrei de uma música, “Xote dos cabeludos”, de Luiz Gonzaga e José Clementino, que inicia assim:

“Atenção, senhores cabeludos!
Aqui vai o desabafo de um quadradão:
Cabra do cabelo grande
Cinturinha de pilão
Calça justa bem cintada
Costeleta bem fechada
Salto alto, fivelão
Cabra que usa pulseira
No pescoço, medalhão
Cabra com esse jeitinho
No sertão de meu padrinho
Cabra assim não tem vez
não, não
Não tem vez não, não
Não tem vez não ...”

Mandei pra ele. A resposta foi: “Um hino na minha região quando eu era criança.” Costume, crença e tradição. Lembramos então de uma ótima história que era contada por um lendário político lá do sertão paraibano, que narrava a candidatura, ao cargo de vereador, de um dos mais conhecidos dos cidadãos de lá. O mote da campanha foi estampado pela cidade: “O único que não tem o rabo preso.” Vitória estupenda.

Há pouco tempo, escutei uma entrevista rápida, de um político, hoje senador da república, estufando o peito, afirmando que a pauta do governo não era a de Ipanema, quanto aos costumes.

Quantos Brasis temos hoje em questão de costumes e de democracia, eis uma questão tormentosa. Estamos a um passo de uma decisão sobre uma nova interpretação da lei de tóxico, parece que o legislador errou na dose ao colocar todo mundo num tipo só.

Já existe neurocientista a receitar doses homeopáticas, e médicos indicando princípios para a feitura de remédios. Em outro debate também na rádio, escutei um cientista aqui do Recife deixando claro que a Inglaterra estaria bem à frente nos estudos para a utilização de determinadas plantas, que por aqui não foram estudadas desde os anos 80 por falta de compreensão das autoridades.

Estamos sempre reféns de patrulhas ideológicas, o que é  muito ruim, seja ela de que lado for. O pior é a violência pela não aceitação do outro.

Também escutei em certa oportunidade uma história atribuída a Dom Hélder, quando foi questionado sobre moças fazendo topless, e a resposta teria sido: “Estou preocupado e lutando pelos que não têm o que vestir.”

A imprensa teve a declaração que desejava, o entrevistado fez o gol de placa e a questão se tornou pequena diante do que realmente importa.

Apesar dos passos para trás, dos momentos de paralisação, dos que entendem que a solução está na força, alio-me aos educadores e aguardo dias melhores, mais fraternos e menos belicosos.

Se todo o dinheiro empregado nas guerras tivesse sido aplicado em prol do homem, nosso estágio na terra seria outro.

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