Agricultura irrigada e o desenvolvimento do Vale do Rio São Francisco

Marcelo Moreira
Presidente da Codevasf

Publicado em: 09/08/2023 03:00 Atualizado em: 08/08/2023 23:45

Em um cenário onde os efeitos das mudanças climáticas estão cada vez mais evidentes e que têm afetado sistematicamente a produção agrícola, a agricultura irrigada torna-se a peça chave para garantir uma produção de qualidade e sustentável em locais onde a seca é a protagonista: a exemplo da bacia do São Francisco.

Com uma produtividade até três vezes maior do que áreas de sequeiro, o Vale do Rio São Francisco, nos últimos anos, deixou de ser um local conhecido pela estiagem e se transformou em um polo de fruticultura irrigada, tornando-se um dos maiores produtores e exportadores de frutas do mundo. Isso só foi possível graças aos projetos de irrigação e às águas do Rio São Francisco, que colaboraram para que paisagens áridas e secas virassem grandes áreas de riqueza agrícola.

A fruticultura na região desenvolve a economia local, atraindo novos investimentos e gerando lucro para municípios que investem na atividade. Esse ramo mudou a realidade de produtores que passaram a ter a produção de frutas como principal fonte de renda.

Nos últimos anos, vem ganhando grande destaque na exportação de uva e manga. Dados da Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Valexport) revelam que a região é responsável por mais de 87% do volume de manga e cerca de 98% das uvas exportadas.  

Nesse contexto, a agricultura irrigada é, sem dúvida, a responsável pela diversificação da produção agrícola, garantindo a produção de frutas que não são típicas da região, como uva, manga, goiaba, melancia e até pera. Também apresenta outras vantagens e benefícios para a sociedade brasileira como o aumento na oferta de emprego e renda para agricultores da região, fortalecimento das cadeias produtivas e melhoria da qualidade dos produtos.

Em 2022, só os projetos de irrigação geridos pela Codevasf na bacia do Rio São Francisco alcançaram R$ 4,57 bilhões em valor bruto de produção e 4,03 milhões de toneladas em itens agrícolas, cultivados em 116 mil hectares. Apenas no polo  Petrolina-Juazeiro, foram produzidos 2,9 milhões de toneladas, o que corresponde R$ 2,9 bilhões. A fruticultura foi destaque da produção, gerando mais de 300 mil empregos diretos e indiretos.

Vale destacar que os projetos de irrigação da Empresa têm contribuído ao longo dos anos para o desenvolvimento socioeconômico das regiões onde estão inseridos, como as áreas dos polos agrícolas de Petrolina e Juazeiro, Formoso e Correntina e do Norte de Minas Gerais.

Também é importante ressaltar que a ampliação da área irrigada no Brasil não compete com a preservação ambiental ou com outras atividades sociais e produtivas. Em razão disso, atualmente a Codevasf caminha para dobrar a área irrigada nos próximos anos com a implantação e concessão dos projetos Baixio de Irecê — primeiro projeto público de irrigação do país a ser levado a leilão; Jequitaí; Iuiú; Santa Brígida; e Tapera Carneiro. Em um futuro próximo passaremos a gerir mais de 200 mil hectares irrigados.

Nas áreas de revitalização e sustentabilidade, demos importante impulso à mecanização da produção agrícola e ao desenvolvimento de atividades produtivas, com o fornecimento de sistemas de irrigação e equipamentos. A Codevasf também tem ações voltadas para a revitalização das nascentes de rios e ao repovoamento da bacia do São Francisco com milhões de alevinos de espécies nativas. Destaco que as ações e programas da Codevasf têm o objetivo de promover o desenvolvimento regional e a redução das desigualdades, em benefício de brasileiros que vivem em sua extensa área de atuação, que atualmente alcança 2.675 municípios, em 37% do território nacional.

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