Efeito Trump
União Europeia deve responder as tarifas dos EUA na próxima semana
A presidente da Comissão Europeia destacou a responsabilidade da Europa e da China em apoiar um sistema comercial reformadoPublicado em: 08/04/2025 12:24
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Foto: Nicolas TUCAT / AFP |
Nesta terça-feira (8), a Comissão Europeia anunciou que a União Europeia (UE) espera apresentar a resposta às tarifas de 20% impostas pelos Estados Unidos no início da próxima semana. “A minha expectativa é de que seja no início da próxima semana”, disse Olof Gill, porta-voz da Segurança Econômica e o Comércio da UE.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também conversou com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, sobre a responsabilidade da Europa e da China de apoiar um sistema comercial reformado e forte e de promover uma solução negociada diante da instabilidade no comércio internacional para se evitar uma nova escalada. Von der Leyen destacou a responsabilidade da Europa e da China, enquanto dois dos maiores mercados do mundo, em apoiar um sistema comercial reformado, livre, justo e baseado em condições equitativas. Na conversa foi ainda abordado o "papel fundamental da China na resolução de eventuais desvios comerciais causados pelos direitos aduaneiros, especialmente em setores ‘já afetados pelo excesso de capacidade global.
“Os líderes discutiram a criação de um mecanismo para acompanhar possíveis desvios de comércio e garantir que quaisquer desenvolvimentos sejam devidamente abordados”, diz o comunicado da Comissão Europeia.
Já o vice-presidente do Banco Central Europeu, Luis de Guindos, declarou hoje que a Europa está numa encruzilhada e deve responder às tarifas dos EUA de forma lógica, prudente e sensata, porque é preciso evitar uma escalada na ofensiva comercial.
“Esta é uma chamada de atenção para que a Europa seja mais autônoma e independente nos domínios da energia, da defesa e da economia. É necessário tentar negociar com os EUA com a cabeça fria. E o mais importante é atuar em conjunto. Se a Europa estiver dividida, será mais complicado. Daqui para frente, o que parece preocupar os mercados é a possibilidade de uma segunda rodada de tarifas que levaria a uma guerra comercial", avaliou.
Também representantes da indústria automobilística na UE defenderam junto à presidente da Comissão Europeia uma solução negociada com os EUA para a redução das taxas de ambos os lados.
Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores da Hungria, Péter Szijjártó , culpou a Comissão Europeia por não se ter preparado para negociar as medidas de Trump e por pretender retaliar. “A Hungria tem uma proposta concreta para as negociações com Washington com foco na indústria automóvel para diminuir as tarifas da UE sobre as importações e conseguir alguma boa vontade por parte de Trump. Estes tempos desafiantes mostram muito claramente que as instituições em Bruxelas não são capazes de liderar", disse Szijjártó.
Mas, após três sessões consecutivas de quedas, as principais bolsas europeias abriram hoje em alta devido às expectativas de negociações com Trump. Também o principal índice Nikkei fechou em alta de 6,02% na Bolsa de Tóquio, depois do primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, ter anunciado que acordou com Trump a continuação das conversações sobre as tarifas norte-americanas. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, adiantou que o Japão teria prioridade em futuras negociações com os parceiros comerciais norte-americanos.