TERREMOTO
ONU saúda trégua em Myanmar após terremoto que agravou a crise do país
A junta militar no poder em Myanmar declarou na quarta-feira (2) um cessar-fogo na guerra civil até 22 de abrilPublicado em: 03/04/2025 17:36 | Atualizado em: 03/04/2025 17:43
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Mandalay, Myanmar (foto: SAI AUNG MAIN/AFP) |
O secretário-geral da ONU, António Guterres, saudou hoje o anúncio de um cessar-fogo temporário em Myanmar depois do terremoto de magnitude 7,7 que atingiu o país no dia 28 de março e abalou a região. Guterres também apelou que a suspensão dos combates no país, que enfrenta uma guerra civil desde o golpe militar em 2021, encaminhe a conversação política.
“O terremoto, que afetou especialmente Myanmar e que provocou mais de três mil mortos e centenas de desaparecidos, expôs as vulnerabilidades mais profundas do povo mianmarense, que mesmo antes dessa catástrofe já era atingido por crises políticas, de direitos humanos e humanitários. O cessar-fogo recentemente anunciado é essencial para ajudar no fluxo de ajuda e deixar que os socorristas façam o seu trabalho, mas o fim dos combates deve levar rapidamente ao início de um diálogo político sério e à libertação de presos políticos. Especificamente, um processo político inclusivo onde todas as pessoas de Myanmar se sintam representadas. À medida que as comunidades em Myanmar se unem no luto, também é hora de união em torno de uma solução política para acabar com o conflito brutal. A solução deve incluir um caminho para um regresso seguro, voluntário, digno e sustentável do povo. Deve incluir igualmente o fim da violência e das violações dos direitos humanos em todo o país, assim como um caminho para que a democracia crie raízes”, disse o chefe das Nações Unidas.
As organizações não-governamentais já haviam alertado que a ajuda humanitária foi travada devido ao conflito que afeta o país do sudeste asiático e extremamente agravada em consequência do terremoto, sendo que antes o país já tinha cerca de um milhão de deslocados devido à guerra. As ONGS relatam que falta água, alimentos, abrigo, medicamentos, assistência do governo e saneamento.
A junta militar no poder em Myanmar declarou na quarta-feira (2) um cessar-fogo na guerra civil até 22 de abril, para facilitar a ajuda à população. O anúncio, feito num comunicado do alto comando militar, se seguiu após a trégua temporária unilateral informada pelos grupos de resistência armada, guerrilhas étnicas e forças do NUG, que se opõem ao regime militar.
Já o líder da ONU ainda destacou que enviará a Myanmar o coordenador de Assistência de Emergência da organização, Tom Fletcher, e também a sua enviada especial para o país, Julie Bishop, que irá reforçar o compromisso das Nações Unidas com a paz e o diálogo. "Apelo, em particular, à comunidade internacional para que intensifique imediatamente o financiamento vitalmente necessário para corresponder à escala desta crise. Apelo para todos os esforços para transformar este momento trágico numa oportunidade para o povo de Myanmar", instou Guterres.
Por causa do terremoto foi declarado estado de emergência em seis regiões de Myanmar, com muita destruição e danos, onde prédios continuam ou ameaçam desabar, dificultando o resgate de sobreviventes. A cidade de Sagaing, perto do epicentro do terremoto, ficou completamente devastada.