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França: Inelegível, Marine Le Pen parte para o contra-ataque

Líder do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional compara sentença por desvio de fundos do Parlamento Europeu a ''bomba atômica'' e convoca simpatizantes para protesto em 6 de abril

Publicado: 02/04/2025 às 07:20

Marine Le Pen aplaude discurso da deputada Laure Lavalette (E), do partido Reagrupamento Nacional, na Assembleia Nacional/Crédito: Anne-Christine Poujoulat/AFP

Marine Le Pen aplaude discurso da deputada Laure Lavalette (E), do partido Reagrupamento Nacional, na Assembleia Nacional (Crédito: Anne-Christine Poujoulat/AFP)

Marine Le Pen aplaude discurso da deputada Laure Lavalette (E), do partido Reagrupamento Nacional, na Assembleia Nacional
Condenada à inelegibilidade pelo prazo de cinco anos por desviar recursos do Parlamento Europeu, a líder da extrema direita, Marine Le Pen, iniciou uma ofensiva para tentar reverter a decisão da Justiça. Além de não poder disputar as eleições presidenciais de abril de 2027, a filha de Jean Marie Le Pen — fundador do partido ultraconservador Reagrupamento Nacional (RN) — terá que usar tornozeleira eletrônica, cumprir uma pena de dois anos de prisão domiciliar e pagar multa de 100 mil euros (cerca de R$ 613 mil). Diante de colegas de bancada na Assembleia Nacional (Câmara Baixa), Marine Le Pen chegou a comparar a inabilitação política a um "ataque nuclear". "O sistema lançou a bomba atômica, e, se usam uma arma tão poderosa contra nós, é evidentemente porque estamos prestes a vencer as eleições", discursou.

A líder do RN conclamou os simpatizantes a saírem às ruas de Paris, às 15h de domingo, 6/4 (10h pelo horário de Brasília) para protestar contra a punição. "Vamos salvar a democracia", escreveu Le Pen, em referência à hashtag #SauvonsLaDémocratie que viralizou na rede social X. "Estou contando com vocês!", acrescentou. O  Tribunal Correcional de Paris entendeu que Le Pen estava no "centro" de um "sistema" que operou entre 2004 e 2016 para que os assistentes parlamentares do RN, pagos pelo Parlamento Europeu, trabalhassem, na realidade, para o partido — algo proibido por lei. 

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da França, a juíza Bénédicte de Perthuis, que anunciou o veredicto, na segunda-feira, foi colocada sob proteção policial. A juíza recebeu "um grande número de mensagens contendo ameaças pessoais claramente expressas". 

Na manhã desta terça-feira (1º/4), Jordan Bardella — presidente do RN e candidato natural a substituir Le Pen na corrida presidencial — defendeu a companheira em mensagem publicada na rede social X. "O dever do Reagrupamento Nacional, assim como de todos os eleitores patriotas, é estar unido e mobilizado, ao lado da mulher cujo único crime é ter se encontrado em posição de vencer a eleição presidencial. Não é hora de desistir!", escreveu. 

Jean-Yves Camus, cientista político do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas, em Paris, afirmou ao Correio que Le Pen tem apenas duas opções. "A primeira delas é apelar da decisão e esperar que possa disputar as eleições em 2027. A segunda é revidar se passando por vítima de perseguição política. Ela tem usado ambas estratégias", comentou o francês. Camus avalia que o Judiciário está unido para rejeitar essa tática, ao sustentar que Le Pen expõe os juízes a ameaças de violência.

Ainda segundo o especialista, a manifestação planejada para domingo não fará com que os tribunais apreciem o recurso do RN com celeridade. "Há um julgamento novo que precisa ser planejado. Se algo pode apressar o julgamento, isso virá dos próprios sentimentos dos magistrados. Eles podem concluir que, quanto mais rápido concluírem o processo, melhor. Isso porque a campanha eleitoral começaria sem que os juízes fossem acusados de mudar as regras", disse Camus. 
 
As informações são do Correio Braziliense. 
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