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Comissão Europeia pede cautela na resposta orçamental às tarifas dos EUA

Discussão foi marcada pelas tensões comerciais às novas políticas protecionistas norte-americanas

Publicado em: 11/04/2025 19:01

Comissão Europeia (foto: Frederick Florin/AFP)
Comissão Europeia (foto: Frederick Florin/AFP)

Neste primeiro dia da reunião informal de ministros das Finanças da União Europeia, em Varsóvia, na Polônia, a Comissão Europeia pediu cautela aos países membros na resposta orçamental às tarifas impostas pelos Estados Unidos.

 

A medida surge após Portugal e Espanha já ter apresentado iniciativas com pacotes de medidas, apesar do comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis não fazer referência dieta aos respectivos governos. "Não tivemos discussões aprofundadas sobre setores específicos, no entanto algumas das medidas de apoio dos Estados-membros que foram anunciadas tenham sido mencionadas na reunião do Conselho de Assuntos Econômicos e Financeiros da UE (Ecofin)”,  avançou.

 

A questão foi levantada na reunião se o bloco planejava avançar com apoios aos setores mais afetados da UE, aliviar as rigorosas regras para poder ajudar as estatais ou outras ações. "Do lado da Comissão Europeia, a nossa primeira avaliação é que precisamos ser um pouco cautelosos na nossa resposta orçamental. Tivemos a pandemia de covid-19, tivemos uma crise energética relacionada com a agressão da Rússia na Ucrânia, enfrentamos sérios desafios de segurança e temos um déficit e uma dívida elevados. Temos de ter em mente estas considerações de sustentabilidade orçamental. A Comissão está, de momento, a concentrar-se na macroeconomia, no impacto das tarifas no crescimento atual, no impacto da inflação e na volatilidade dos mercados financeiros",  disse o comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis.

 

O encontro foi marcado pelas tensões comerciais às novas políticas protecionistas norte-americanas e os ministros discutiram o seu impacto econômico, embora num cenário mais ameno devido à suspensão temporária das tarifas por Washington, uma pausa também adotada logo depois pelo bloco. A Comissão Europeia, além disso, lembrou que a União já passou por outras situações complicadas e que tem de garantir a sustentabilidade orçamental.

 

Já a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, ainda afirmou que a instituição financeira está sempre pronta para agir, no sentido de estabilizar os preços na zona euro. Mas, Lagarde não adiantou se isso implicará numa política monetária mais flexível. 

 

 

Estimativas na Economia

 

Os cálculos publicados hoje pela Comissão Europeia apontam que as novas tarifas aduaneiras dos EUA sugerem perdas de 0,8% a 1,4% no Produto Interno Bruto (PIB) até 2027, sendo esta percentagem de 0,2% do PIB no caso da UE.

 

No pior cenário, isto é, se as tarifas forem permanentes ou se houver outras contramedidas, as consequências econômicas serão mais negativas, de até 3,1% a 3,3% para os EUA e de 0,5% a 0,6% para a UE.

 

Em termos globais, o executivo comunitário estima uma perda de 1,2% no PIB mundial e uma queda de 7,7% no comércio mundial em três anos.

 

Entretanto, a comissária europeia para a União da Poupança e dos Investimentos, Maria Luís Albuquerque, destacou que esta iniciativa torna a Europa mais capacitada para resistir a choques externos e turbulências do mercado ao mesmo tempo que contribui para a inovação e o crescimento econômico, ao mesmo tempo que cria as condições para o aumento da rentabilidade das poupanças dos cidadãos da Europa.

Enquanto isso, o índice de confiança dos consumidores norte-americanos é o segundo mais baixo dos últimos 73 anos, devido a guerra das tarifas e em especial das retaliações sucessivas entre os EUA e a China.

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