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Efeito Trump

Bolsas asiáticas e europeias desabam pela guerra comercial de Trump

Presidente americano voltou a apontar o dedo para a China e ignorou os riscos de inflação
Por: AFP

Publicado em: 07/04/2025 09:50 | Atualizado em: 07/04/2025 13:42

 (Foto: Daniel ROLAND / AFP)
Foto: Daniel ROLAND / AFP

 

As bolsas mundiais despencaram de novo nesta segunda-feira (7) atingidas pela guerra comercial lançada pelo presidente americano, Donald Trump, que voltou a apontar o dedo para a China e ignorou os riscos de inflação.

 

O republicano chamou a China de "o maior abusador de todos". A acusou de fazer ouvidos surdos para sua advertência "aos países abusadores de não tomarem represálias" contra sua ofensiva comercial.

 

O republicano acusa os parceiros econômicos dos Estados Unidos de "saqueá-los".

 

Como resultado, impôs uma taxa impositiva universal de 10% sobre a imensa maioria dos bens importados pelos Estados Unidos, que entrou em vigor no sábado.

 

A partir de quarta-feira (9) devem entrar em vigor tarifas ainda mais altas para os principais parceiros comerciais de Washington, incluindo a União Europeia (20%) e China (34%).

 

Pequim retaliou com tarifas de 34% para todos os produtos americanos a partir de 10 de abril.

 

De anúncio em anúncio, as bolsas derretem.

 

Os mercados asiáticos, que estiveram parcialmente fechados na sexta-feira, viveram uma segunda de caos.

 

Hong Kong despencou mais de 13%, o índice Nikkei de Tóquio caiu 7,8%.

 

Nos Estados Unidos, nas primeiras operações, o Dow Jones perdeu 2,85%, o Nasdaq, 3,91%, e o índice mais amplo S&P 500, 3,24%.

 

"Não sejam fracos! Não sejam estúpidos!... Sejam fortes, corajosos e pacientes, e a grandeza será o resultado!", escreveu Trump em sua rede Truth Social pouco antes da abertura da bolsa de Nova York.

 

Quando foi perguntado sobre o tombo da bolsa, o presidente se manteve firme.

 

"Remédio para se curar"

 

"Às vezes, é preciso tomar remédio para se curar", disse a jornalistas a bordo do Air Force One, enquanto voltava a Washington de um fim de semana de golfe na Flórida.

 

"Não há inflação", reiterou nesta segunda e voltou a pedir ao Federal Reserve americano (Fed) para "baixar as taxas".

 

A maioria dos economistas prevê que as tarifas farão a inflação subir e desacelerarão o consumo e o crescimento.

 

Jamie Dimon, diretor do gigante bancário americano JP Morgan Chase, alertou que as tarifas "provavelmente farão a inflação aumentar".

 

A União Europeia propôs aos EUA uma isenção tarifária total e recíproca para os produtos industriais, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, afirma ter entrado em acordo com Trump para seguir negociando sobre as tarifas aduaneiras.

 

Agitação diplomática

 

Trump disse ter falado durante o fim de semana "com muitos europeus, muitos asiáticos, de todo o mundo".

 

Todos desejam desesperadamente um acordo.

 

Os europeus "querem negociar, mas não haverá discussão até que nos deem muito dinheiro anualmente", insistiu.

 

Os ministros europeus se reúnem nesta segunda-feira em Luxemburgo para "preparar" uma resposta conjunta às medidas americanas, uma "mudança de paradigma" ao qual a UE deve se adaptar, segundo o comissário europeu do Comércio.

 

"A resposta europeia pode ser extremamente agressiva", afirmou o ministro do Comércio Exterior francês, Laurent Saint-Martin, que pediu que "nenhuma opção seja descartada".

 

A Irlanda, no entanto, alertou sobre a "extraordinária escalada" que as represálias constituiriam contra a tecnologia americana.

 

"Mais de 50 países" entraram em contato com o governo dos Estados Unidos", declarou à NBC o secretário do Tesouro americano, Scott Besssent. "Veremos se o que eles têm a oferecer é crível", acrescentou.

 

Em sua opinião, não é algo que se possa negociar em "dias ou semanas", dando a entender que as tarifas poderiam ficar em vigor por vários meses.

 

A Organização Mundial do Comércio (OMC) informou, nesta segunda-feira, ter recebido uma reclamação do Canadá sobre as tarifas de 25% sobre automóveis e componentes que entram nos Estados Unidos.

 

Quem já está em Washington é o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para falar sobre as tarifas. Ele é o primeiro líder estrangeiro a conseguir uma reunião.

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