TURQUIA
Milhares protestam na Turquia contra prisão de opositor de Erdogan
A onda de protestos começou em Istambul e se alastrou ao resto do paísPublicado em: 24/03/2025 15:12 | Atualizado em: 24/03/2025 16:15
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Imamoglu foi acusado pelo governo de Ancara de liderar uma organização criminosa, que envolve suborno, má conduta e corrupção. (foto: ANGELOS TZORTZINIS/AFP ) |
Após a ordem de prisão preventiva do presidente da Câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, opositor do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, por acusações de corrupção, milhares de manifestantes protestam a cinco dias consecutivos contra a detenção e a repressão das autoridades. A onda de protestos começou em Istambul e se alastrou ao resto do país.
O social-democrata Ekrem Imamoglu, Por sua vez, Imamoglu negou todas as acusações, numa mensagem divulgada pelos seus advogados de defesa. "Estou aqui. Tenho uma camisa branca vestida e não a vão poder sujar. O meu pulso é forte e não o vão conseguir torcer. Não vou recuar nem um milímetro. Vou ganhar esta guerra", disse.
A comunidade internacional denunciou uma situação preocupante causada por um grave ataque e um sério revés para a democracia na Turquia. Após a condenação da França e da Alemanha no domingo, a União Europeia instou hoje a Turquia a respeitar os valores democráticos. “Queremos que a Turquia continue ancorada na Europa, mas para isso é necessário um compromisso claro com as normas e práticas democráticas”, afirmou o porta-voz da Comissão Europeia, Guillaume Mercier.
Também no final de semana, as autoridades municipais de Istambul anunciaram que 15 milhões de eleitores turcos participaram das primárias simbólicas organizadas pelo partido CHP, apesar da detenção de Imamoglu. "Dos 15 milhões de votos expressos, 13.211.000 manifestaram a sua solidariedade com o presidente da câmara, que devia ser hoje investido como candidato do partido às próximas eleições presidenciais de 2028, informou o município.
"15 milhões dos nossos cidadãos votaram. A mensagem que enviaram a Erdogan foi clara: Basta! Aquela urna vai chegar e a nação vai dar uma bofetada que este Governo nunca esquecerá", declarou Imamoglu.
Protestos nas ruas pela democracia
Desde as acusações contra Imamoglu e, mais recentemente na sua detenção, milhares de turcos saem às ruas e protestam ainda contra a repressão das autoridades e a proibição de manifestação. Nas manifestações, os agentes da polícia lançam gás pimenta e disparam gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Segundo as autoridades, pelo menos 300 pessoas foram detidas na última semana.
No domingo, Dilek Kaya Imamoglu, mulher de Ekrem, prometeu uma luta do povo turco e do marido contra a injustiça de que está sendo alvo.
"Injustiça que Ekrem enfrentou tocou em todas as consciências. Todos encontraram algo de si próprios e das injustiças que enfrentaram no que foi feito a Ekrem. Ekrem Imamoglu vai derrotar vocês! Vocês vão perder!", avisou Kaya.
Em contrapartida, Erdogan considerou os protestos como sendo ‘terrorismo de rua’. “Os dias de sair para a rua juntamente com organizações de esquerda e vândalos para apontar o dedo à vontade nacional acabaram. Não permitiremos definitivamente que o CHP e os seus apoiadores perturbem a ordem pública e perturbem a paz da nossa nação através de provocações", escreveu na rede social.
"Dezenas de milhões de pessoas neste país, que estão sofrendo com a opressão do Governo, uma economia arruinada, incompetência e anarquia, acorreram às urnas para dizer a Erdogan que já chega", reagiu Imamoglu.