ESTADOS UNIDOS
Trump impõe tarifas de 25% sobre carros fabricados fora dos EUA
''Entra em vigor em 2 de abril; começamos a cobrar em 3 de abril'', afirmou o presidente americanoPublicado em: 26/03/2025 22:52
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Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (foto: MANDEL NGAN/AFP) |
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ampliou nesta quarta-feira (26) sua lista tarifária com a imposição de tarifas alfandegárias de 25% sobre "todos os automóveis que não são fabricados nos Estados Unidos", uma medida que também alcança as peças sobressalentes.
"Entra em vigor em 2 de abril; começamos a cobrar em 3 de abril", afirmou o magnata republicano no Salão Oval da Casa Branca.
"Vamos cobrar dos países por fazer negócios em nosso país e levar nossos empregos, levar nossa riqueza [...] O que vamos implementar é uma tarifa de 25% sobre todos os automóveis que não forem fabricados nos Estados Unidos. Se forem fabricados nos Estados Unidos, não haverá tarifa alguma", declarou.
"Isso se soma às tarifas já existentes sobre essas mercadorias", esclareceu um de seus assessores.
A taxa aplicada anteriormente era de 2,5%. Isso significa que os carros importados passarão a ser tributados em 27,5% de seu valor.
No caso dos carros elétricos chineses, que já são taxados em 100% desde agosto de 2024, as tarifas subirão para 125%.
"Metade dos veículos vendidos nos Estados Unidos é fabricada no exterior. E dos que são montados aqui, metade é fabricada com peças estrangeiras", detalhou o assessor comercial de Donald Trump, Peter Navarro, em coletiva de imprensa.
Haverá uma única exceção: os veículos montados em México e Canadá estarão sujeitos a um imposto de 25% apenas sobre a parte de peças sobressalentes que não procedam dos Estados Unidos.
Washington reconhece que essas tarifas punem seus aliados, mas considera que é vítima de abusos.
Essa medida representa um novo golpe para o setor automotivo e para países como Canadá e México, parceiros dos Estados Unidos no Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (T-MEC).
O México exporta 80% dos veículos que fabrica para os Estados Unidos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Geografia.
As montadoras americanas possuem fábricas no exterior que abastecem o mercado interno, principalmente no Canadá e no México.
Segundo o site da Ford, cerca de 20% dos veículos vendidos nos Estados Unidos são importados. E a General Motors importa aproximadamente 750 mil veículos por ano de Canadá e México.
Reações imediatas
As reações não demoraram a chegar. O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, classificou a medida como um "ataque direto".
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lamentou "profundamente" a decisão de Trump, mas deixou a porta aberta para soluções negociadas.
Este não é o primeiro revés para o setor automotivo desde que Donald Trump voltou à Casa Branca em 20 de janeiro.
No início de fevereiro, o anúncio de tarifas alfandegárias de 25% para todos os produtos de Canadá e México, países que Trump acusa de não fazerem o suficiente para conter a migração irregular e o tráfico de fentanil, abalou o setor automotivo.
O adiamento da medida até 2 de abril trouxe um alívio temporário para a indústria. Mas se, por fim, for aplicada sem nuances, isto é, adicionando-os, os automóveis desses países poderiam pagar um imposto de 50% caso não tenham peças americanas.
Além disso, o alívio foi breve, já que, em meados de março, Trump taxou o aço e o alumínio.
Os Estados Unidos importam aproximadamente metade do aço e do alumínio que utilizam em indústrias tão diversas como a automobilística, a aeroespacial, a petroquímica e até em produtos de consumo básico, como embalagens de alimentos enlatados.
'Muito indulgentes'
Salvo surpresas, a próxima etapa da política tarifária de Trump, considerada a mais significativa, acontecerá em 2 de abril, uma data chamada por Trump de "dia da libertação".
Nesse dia, ele pretende aplicar as chamadas tarifas alfandegárias "recíprocas", que vão afetar todos os produtos importados pelos Estados Unidos. O objetivo é igualar, dólar por dólar, as tarifas impostas aos produtos americanos no exterior.
Embora inicialmente tenha afirmado que não haveria "isenções nem exceções", Trump garantiu nesta quarta-feira que esses novos impostos seriam "muito indulgentes".
"Isso vai afetar todos os países, e vamos garantir que sejam muito indulgentes. Acho que as pessoas vão se surpreender bastante", acrescentou.