![Ronen Bar, chefe do Shin Bet (Foto: GIL COHEN-MAGEN/POOL/AFP) Ronen Bar, chefe do Shin Bet (Foto: GIL COHEN-MAGEN/POOL/AFP)]() |
Ronen Bar, chefe do Shin Bet (Foto: GIL COHEN-MAGEN/POOL/AFP) |
A Suprema Corte de Israel suspendeu hoje temporariamente à decisão do governo de demitir Ronen Bar, chefe do Shin Bet, a agência de segurança interna do país, até que sejam analisados os recursos contra a sua demissão. O Supremo explicou que esta decisão permitirá que o tribunal considere as petições apresentadas contra a saída do diretor do Shin Bet. O tribunal irá realizar diversas audiências até 8 de abril para examinar os cinco recursos s contrários a decisão do Executivo de exonerar Bar.
Por sua vez, o governo israelense alegou que dispensou Bar devido à quebra de confiança. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, justificou a decisão argumentando que havia perdido a confiança nele. Os analistas acrescentam que Bar era um alvo de Netanyahu pelas suas críticas contra o seu governo depois do ataque do Hamas que desencadeou a guerra em Gaza.
Mas, o responsável pela agência de segurança interna do país foi demitido após receber instruções da Procuradora-Geral de Israel para investigar membros do gabinete de Netanyahu, por alegadas ligações de corrupções com o Catar, num caso que é conhecido e designado pelos meios de comunicação local como "Catargate". Bar afirmou que antes de ser afastado já estava investigando o caso, que descreveu como complexo e multifacetado e que sua demissão havia sido baseada em alegações infundadas, que tinham como objetivo “impedir as investigações".
Já Netanyahu prepara ainda retirar do cargo a Procuradora-Geral. Os opositores do governo apontam também que essas mudanças são uma tentativa de minar as instituições estatais.
Neste contexto, milhares de pessoas foram às ruas numa grande manifestação esta semana em Jerusalém e Tel Aviv para protestar contra a demissão e também pela retomada das operações militares em Gaza, que violou o acordo e colocou, para a maioria da população, os reféns em risco.
Escândalo Catargate
O Catargate dominou a mídia do país, com uma série de publicações na imprensa, que denunciou que os conselheiros políticos mais próximos de Netanyahu e um tenente-coronel na reserva, estavam envolvidos em supostos trabalhos e pagamentos secretos para promover os interesses do governo catari, um aliado e apoiador financeiro do Hamas.
Os envolvidos no suposto esquema são Yisrael Einhorn, Ofer Golan, Jonatan Uich e Eli Feldstein (que já havia sido preso antes mesmo das publicações, por causa do sua implicação no roubo e vazamento de documentos confidenciais, nos quais o nome do Catar também havia sido citado) foram contratados pelo governo do Catar, para promover os interesses do país junto as principais autoridades políticas e de segurança de Israel, incluindo fazer uma mudança lobista de imagem do Catar.
Em 12 de fevereiro de 2025, o líder da oposição, Yair Lapid , e o presidente do partido Democratas, Yair Golan, pediram uma investigação contra Netanyahu e seu gabinete, argumentando que as ações que foram feitas no interesse do Catar durante a guerra de Gaza, contra Israel. Em 15 de fevereiro de 2025, o Shin Bet disse que investigaria a revelação dos segredos de estado de Israel. Em 27 de fevereiro de 2025, o Procurador geral de Israel instruiu o Shin Bet e a polícia israelense a investigar o Catargate. O Shin Bet realizou um relatório, que também declarou a responsabilidade do governo de Netanyahu pelo ataque liderado pelo Hamas, em 7 de outubro de 2023
Em 17 de março de 2025, Golan indicou que a verdadeira razão da deposição do chefe do Shin Bet era obvia, ou seja, a investigação do Catargate e a falta de vontade de fazer um acordo abrangente de reféns, o que encerraria o conflito em Gaza.
O jornal britânico The Guardian apontou que a demissão de Ronen Bar aumentaria ainda mais as acusações contra o governo de Netanyahu pela suposta tentativa de estabelecer um regime autoritário em Israel.