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Líderes da UE se reúnem para discutir o futuro da Ucrânia

Os líderes europeus se reúnem para uma cúpula extraordinária dedicada à defesa da Ucrânia

Publicado: 06/03/2025 às 11:39

/Foto: NICOLAS TUCAT / AFP

/Foto: NICOLAS TUCAT / AFP

 

Nesta quinta-feira (6), os líderes europeus se reúnem em Bruxelas para uma cúpula extraordinária dedicada à defesa e ao futuro da Ucrânia, convocada em reação à decisão unilateral do presidente dos EUA Donald Trump de iniciar negociações com Vladimir Putin e insistir num acordo de paz rápido.

Na conferência, os dirigentes discutirão e tentarão projetar unidade no seu apoio coletivo à Ucrânia e responder a algumas das questões mais prementes, como garantias de segurança que a UE pode oferecer, quanto dinheiro adicional está disposta a dedicar e até onde poderá compensar a ausência de ajuda norte-americana. Além de debater a possibilidade de nomear um enviado especial para as negociações de paz.

 

O encontro, além disso, abordará as despesas com a defesa da Europa, com base na recente proposta da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para que seja mobilizado até 800 bilhões de euros em investimentos adicionais. Para tanto, visa garantir a sobrevivência da Ucrânia como uma democracia soberana e estável, tendo os membros  do bloco que reforçar os seus exércitos nacionais para controlar o expansionismo da Rússia e assegurar uma paz duradoura.

 

Há ainda o projeto em andamento de uma Coligação dos dispostos, formada por países democráticos empenhados em apoiar a Ucrânia durante e após as negociações, através de garantias de segurança. A França, a Dinamarca e a Suécia, assim como nações que não pertencem à UE como o Reino Unido, a Noruega e a Austrália, já manifestaram interesse em aderir à coligação. Entretanto, todos indicaram que a sua contribuição deve ser acompanhada de uma proteção dos EUA. Por sua vez, Trump defende, em vez disso, o acordo sobre minerais como uma espécie de dissuasão econômica contra a Rússia. "Não pode haver negociações que afetem a segurança europeia sem o envolvimento da Europa A segurança da Ucrânia, da Europa e do mundo estão interligadas", aponta o projeto.

 

No entanto, todo esse esforço pode ser prejudicado pelo presidente da Hungria, Viktor Orbán, aliado totalmente com a administração Trump e que tem um histórico de veto nas questões relacionadas à Ucrânia. Orbán se opõe, entre outros pontos, à assistência militar e financeira da União Europeia a Kiev. "Existe uma divisão estratégica, uma fratura transatlântica entre a maioria da Europa e os EUA sob o comando do presidente Trump", adiantou antes do inicio da cúpula.

 

A crescente adesão de Trump as justificativas do Kremlin, a não condenação à Rússia como agressora e o recente confronto com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky no Salão Oval impactaram a União Europeia, que receia que a Casa Branca estabeleça um acordo com Moscou e exija que Kiev aceite.

 

Após Zelenskyy lamentar o confronto e elogiar a forte liderança de Trump, as tensões desescalaram um pouco. Mas mesmo assim, Washington ainda mantém uma suspensão temporária da ajuda militar e do compartilhamento de informações secretas com Kiev, duas decisões que podem levar a um agravamento profundo do país que enfrenta grandes dificuldades nas frentes dos combates.

 

 

A Rússia é uma ameaça para França e para a Europa, diz Macon

 

O presidente da França, Emmanuel Macron, abordou a guerra na Ucrânia e a defesa europeia durante seu discurso transmitido pela televisão na quarta-feira (5). "Os Estados Unidos, nosso aliado, mudaram a sua posição nesta guerra, apoiando menos a Ucrânia e deixando dúvidas sobre o que vem a seguir. Quero acreditar que os EUA estarão ao nosso lado, mas temos de estar preparados para que isso não aconteça", afirmou  Macron.

 

O presidente francês ainda instou a Europa a se tornar mais independente do seu aliado de longa data e também avançou que conversaria com os aliados europeus sobre a possibilidade de usar a capacidade de dissuasão nuclear da França para proteger o continente das ameaças russas. Macron reiterou a necessidade de continuar a apoiar Kiev e de reforçar as capacidades militares européias. “A Rússia se tornou hoje, e durante muito tempo, uma ameaça para a França e para a Europa. A paz já não pode ser garantida no nosso próprio continente. A Ucrânia se tornou um conflito global. É preciso dizer que estamos entrando numa nova era", acrescentou.

 

Enquanto isso, Trump anunciou que Zelenskyy lhe escreveu para dizer que a Ucrânia está pronta para negociar um acordo de paz com a Rússia o mais rapidamente possível e, que aceitaria um acordo sobre os minerais com os EUA para facilitar essa negociação.

 

"É bom que o diálogo possa ser retomado numa base adequada. Estamos ao lado do presidente Zelenskyy nesta questão", declarou Sophie Primas, porta-voz do governo francês

 

Já o gabinete de Macron comunicou que o líder francês conversou diversas vezes por telefone com Trump e Zelenskyy e que repetiu a determinação da França em trabalhar com todas as partes para alcançar uma paz sólida e duradoura na Ucrânia.

 

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, e Macron, lideram o apelo a uma força de manutenção da paz pós-conflito na Ucrânia para impedir que a Rússia volte a invadir o país, caso Moscou e Kiev chegue a uma trégua para pôr fim à invasão russa. 

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