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NEGOCIAÇÕES
Impasse nas negociações da segunda fase do acordo entre Israel e o Hamas
O Hamas acusou o governo israelense de chantagem
Publicado: 03/03/2025 às 13:50

O Hamas exigiu a implementação da segunda fase de cessar-fogo e rejeitou a ideia de uma extensão temporária da trégua de 42 dias/Crédito: OMAR AL-QATTAA / AFP

O Hamas exigiu a implementação da segunda fase de cessar-fogo e rejeitou a ideia de uma extensão temporária da trégua de 42 dias
O fim da primeira fase do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas terminou no último sábado e já trouxe consequências. O governo de Tel Aviv ordenou o bloqueio da entrada de caminhões com ajuda humanitária na Faixa de Gaza e as forças israelenses atacaram a cidade de Rafah, no sul do enclave palestino, que causou dois mortos.
O acordo de cessar-fogo em Gaza chegou a um impasse, após o Hamas recusar o prolongamento da primeira fase proposto pelos Estados Unidos. Israel ainda ameaça recomeçar a guerra.
O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou anteriormente que tinha adotado a proposta do enviado especial norte-americano dos EUA, Steve Witkoff, para um cessar-fogo temporário em Gaza durante os períodos do Ramadã e da Páscoa, horas após a primeira fase do cessar-fogo previamente acordado ter expirado.
Se acordado, a trégua interromperia os combates até ao fim do período de jejum do Ramadã, por volta de 31 de março, e do feriado da Páscoa judaica, por volta de 20 de abril. A trégua previa que o Hamas libertasse metade dos reféns vivos e mortos no primeiro dia, com os restantes a serem libertados no final.
“Após o fim da primeira fase do acordo de reféns, e à luz da recusa do Hamas em aceitar o esquema Witkoff para continuar as negociações com as quais Israel concordou, o primeiro-ministro Netanyahu decidiu que todo o fluxo de bens e mantimentos para a Faixa de Gaza cessará”, anunciou do premiê.
Por sua vez, o Hamas acusou o governo israelense de chantagem e protestou contra a proposta de Witkoff, argumentando que não passam de uma tática de abrandamento para manter a presença de Israel na Faixa de Gaza e de um regresso às posições iniciais.
"A decisão de Netanyahu de suspender a ajuda humanitária é uma chantagem mesquinha, um crime de guerra e uma violação flagrante do acordo de tréguas", disse Hamas, que apelou aos mediadores da comunidade internacional para que pressionem Israel a recuar nesta resolução.
O Hamas exigiu a implementação da segunda fase de cessar-fogo e rejeitou a ideia de uma extensão temporária da trégua de 42 dias. "A recente declaração do gabinete de Netanyahu confirma claramente que o ocupante continua a fugir aos acordos que assinou. A única forma de alcançar a estabilidade na região e o regresso dos prisioneiros é concluir a implementação do acordo começando pela implementação da segunda fase. É nisso que insistimos e não vamos recuar", afirmou Mahmoud Mardaoui, líder do Hamas.
O porta-voz do Hamas indicou que as negociações sobre a segunda fase estão completamente congeladas, em parte porque o Hamas não tem qualquer intenção de abdicar do seu controle político ou de segurança em Gaza, como Tel Avivl exige.
Também recentemnte em Haifa, no norte de Israel, numa estação em Hamifratz, um homem de 70 anos morreu e quatro ficaram feridas vítimas de um esfaqueamento num ponto de ônibus, três dos quais em estado grave. São eles um homem, uma mulher e um rapaz de 15 anos. A polícia israelense descreveu o incidente como um ataque terrorista, informando que o autor do atentado era um palestino que foi morto pelas autoridades policiais.
Haifa é uma cidade com uma população composta por judeus, islamitas e árabes, sendo a maior área urbana do norte de Israel.