Zelensky reage às duras críticas de Trump e diz que o líder dos EUA vive numa bolha de desinformação

Nesta quarta-feira (19), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, respondeu às críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acusou falsamente o governo de Kiev de iniciar a guerra com a Rússia. Trump, além disso, criticou duramente o seu homólogo ucraniano, afirmando estar "desapontado" com o fato de Zelensky ter condenado a reunião entre Washington e Moscou sem a presença de Kiev.

"Hoje ouvi dizer: não fomos convidados. Bem, vocês estão lá há três anos. Deviam ter acabado com isto há três anos. Nunca deviam ter começado. A Ucrânia podia ter feito um acordo para evitar a guerra", alegou Trump.

“Infelizmente, o presidente Trump, com todo o respeito por ele como líder de uma nação que respeitamos muito, vive numa bolha de desinformação”, rebateu Zelensky, acrescentando que ele repetiu a desinformação russa, que é dirigida por mentirosos patológicos.

Além disso, o dirigente ucraniano reagiu aos comentários de Trump que colocaram em dúvida a sua atual legitimidade para representar os ucranianos à mesa das negociações, defendeu eleições presidenciais no seu país como parte de um acordo de paz e levantou a suposição de que possui uma taxa de aprovação de apenas 4% da população. Uma retórica que também é usada pelo Kremlin.

No entanto, a Ucrânia esta sob Lei marcial e, por isso foi cancelada as eleições presidenciais no ano passado. "Nunca comento sobre índices de popularidade, especialmente meus ou de outros líderes”, disse Zelensky, mas destacou que a última sondagem mostra que 58% dos ucranianos confiam nele. “Assim, se alguém quiser me substituir agora, isso não vai funcionar”, apontou.

Para Zelensky, o fato dos EUA terem mantido conversas diretas com a Rússia ajudou Vladimir Putin a sair de seu longo isolamento e os russos estão felizes porque a discussão se concentra neles. “Isto não é positivo para a Ucrânia”, indicou.

O presidente ucraniano assinalou que a Rússia continua a ser a parte culpada pelo início da guerra e defendeu que não se pode encobrir a sua responsabilidade. “Podem pensar que se pode resolver tudo com acordos. É impossível. Ninguém na Ucrânia confia em Putin. Precisamos de garantias claras de segurança. Queremos garantias de segurança este ano, queremos acabar com a guerra este ano”, argumentou, reiterando que a Aliança Atlântica é a garantia mais forte" para a Ucrânia.

Enquanto isso, o Kremlin saúda as críticas de Trump a Zelensky, que apelida de patético. “Trump é um político completamente independente. Além disso, é uma pessoa habituada a falar francamente. Pessoas como ele geralmente não escondem o que pensam sobre indivíduos patéticos como Zelensky", disse o ministro das Relações Exteriores Rússia, Sergei Lavrov, segundo a agência de notícias estatal russa Tass.