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ESTADOS UNIDOS
Ucrânia concorda em trocar recursos naturais por apoio militar dos EUA
Território ucraniano é rico em grandes reservas de lítio, urânio e titânio
Publicado: 05/02/2025 às 14:33

Andrii Sibiga, ministro das Relações Exteriores ucraniano/Foto: Handout/Ukrainian Foreign Ministry press-service/AFP
O governo da Ucrânia considerou nesta quarta-feira (5) aceitar a proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de assegurar a ajuda militar norte-americana em troca de disponibilizar os seus recursos naturais.
“É de interesse comum a proposta de Trump”, destacou Andrii Sibiga, ministro das Relações Exteriores ucraniano, em resposta as declarações do presidente dos EUA, que condicionou a continuação do apoio militar à Ucrânia ao acesso às chamadas “terras raras”, um grupo formado por cerca de 15 metais usados na indústria automobilística, telefônica e outras fabricações eletrônicas.
Sibig assinalou que o plano de paz do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já inclui uma cláusula sobre os recursos naturais da Ucrânia e a possibilidade dos parceiros de Kiev investir na sua exploração. “O plano de Zelensky está repleto de ações, projetos e soluções concretas. Se trata de uma garantia do forte interesse da Ucrânia e dos aliados mais próximos, inclusive os EUA, em desenvolver e proteger os depósitos de recursos naturais. É necessário reforçar a nossa capacidade defensiva através de medidas e decisões sólidas para acelerar o fornecimento de equipamento e estabilizar a situação na frente dos combates. Mas ainda não está prevista uma conversa com o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio”, apontou.
“Estamos tentando chegar a um acordo com a Ucrânia, em que eles garantam o que lhes estamos a dar com as suas terras raras”, citou Trump recentemente.
O território ucraniano é rico em grandes reservas de lítio, urânio e titânio, sendo que a China ainda é atualmente o maior produtor mundial de “terras raras” e de outros minerais essenciais.
No entanto, Zelensky sugeriu em uma entrevista publicada ontem na mídia britânica, que Washington deve dar à Kiev uma garantia de segurança alternativa, como armas nucleares, se não estiverem preparados para aceitar o país na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). “Que tipo de pacote de apoio, que tipo de mísseis? Será que nos vão dar armas nucleares? Então que nos dêem armas nucleares”, afirmou Zelensky ao falar de possíveis garantias em vez de uma rápida entrada na aliança militar.
Por outro lado, o Kremlin também informou que há uma intensificação das conversações entre a Rússia e os EUA. Segundo o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, há mesmo contatos entre os departamentos de cada lado, e têm-se intensificado recentemente. “Mas não posso dar mais detalhes. A nossa análise, que tem sido repetidamente dita pelo presidente Putin, sugere que o senhor Zelensky tem grandes problemas em termos de legitimidade no seu país, mas, mesmo apesar disso, o lado russo se mantém aberto a negociações”, disse Peskov.
Trump confirmou que sua administração está em contato com as lideranças russa e ucraniana sobre a guerra, classificando as conversas de construtivas.
“O enviado especial de Trump para a Ucrânia, o general Keith Kellogg, e o conselheiro de segurança nacional, Mike Waltz, pressionam para que a Casa Branca use a sua influência sobre a Rússia para forçar Vladimir Putin a recuar”, revelou também o canal norte-americano NBC News.