Acervo
UCRÂNIA
Reunião de urgência de líderes europeus discutiu o futuro e segurança da Ucrânia e do bloco
Antes da reunião, Macron falou por telefone com Donald Trump
Publicado: 17/02/2025 às 20:27

Antes da reunião, Macron falou por telefone com Donald Trump/Crédito:LUDOVIC MARIN / AFP

O presidente da França, Emmanuel Macron, promoveu hoje em Paris uma reunião emergencial com os dirigentes da Alemanha, Reino Unido, Itália, Polônia, Espanha, Países Baixos e Dinamarca, para tratar da paz na Ucrânia e a segurança na Europa. Também participaram os presidentes do Conselho e da Comissão Europeia, respectivamente Antonio Costa e Ursula von der Leyen e ainda o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Mark Rutte.
Antes da reunião, Macron falou por telefone com Donald Trump, mas não revelou o teor da conversa.
O encontro dos líderes é uma reação ao diálogo antecipado e restrito de conversações entre a Casa Branca e o Kremlin associado ainda a realização da reunião que acontece amanhã em Riade sobre negociações de paz na Ucrânia entre o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, o enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, o conselheiro de segurança nacional, Michael Waltz, com o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, e pelo conselheiro do Kremlin, Yuri Ushakov. Além disso, está sendo preparado um encontro também entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia.
A Europa e Kiev já avisaram que não aceitarão um acordo sobre o fim da guerra pelas suas costas. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, inclusive afirmou que não vai reconhecer nenhum entendimento entre Washington e Moscou que possa sair do encontro de terça-feira na Arábia Saudita, do qual disse que nem sequer foi comunicado sobre esta reunião.
Por outro lado, as autoridades russas Rússia já avisaram que não vão ceder território anexado do território ucraniano e que não quer a Europa à mesa das negociações. Lavrov apontou que a Europa não tem lugar nas futuras negociações porque quer “continuar a guerra”. O enviado americano Keith Kellogg, que viaja para a Ucrânia na próxima quinta-feira, demonstrou igualmente que a administração Trump quer os europeus longe da mesa das negociações.
Após o término da reunião entre os chefes de Estado da Europa, o chanceler alemão Olaf Scholz reiterou a necessidade da União Europeia manter o apoio e aumentar a ajuda financeira a Kiev. Scholz indicou que os países da UE devem aprovar novas regras orçamentais e aumentar para pelo menos em 2% a verba da defesa e, além disso, apelou à unidade entre a Europa e os EUA em relação à responsabilidade pela segurança da Ucrânia: “Não deve haver divisão de segurança e responsabilidade entre a Europa e os EUA. A OTAN se baseia no fato de agirmos sempre em conjunto e compartilharmos o risco, garantindo assim a nossa segurança. Isto não pode ser posto em causa”, declarou.
Von der Leyen já defende essa idéia e mencionou que a segurança da Europa se encontra num ponto de viragem. Elevar o orçamento da aliança militar também é uma proposta fortemente defendida por Rutte.
Alertando que o futuro da Ucrânia é uma questão existencial para a Europa, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer defendeu no final do encontro na capital francesa que os europeus têm de aumentar os gastos com Defesa.
“Estamos ainda numa fase inicial, mas a Europa tem de desempenhar o seu papel. Estamos vivendo uma nova era e não podemos nos acomodar com o conforto do passado, chegou o momento de assumirmos responsabilidade pela nossa segurança e pelo nosso continente e a Inglaterra vai desempenhar um papel de liderança como sempre tem feito”, garantiu Starmer, acrescentando estar considerando enviar tropas britânicas para a Ucrânia, com outros países, se houver um acordo de paz duradouro. Mas, destacou que é essencial haver uma salvaguarda americana para evitar novos ataques da Rússia contra o território. “Para a semana irei a Washington para me reunir com Trump e encontrar esses elementos fundamentais de uma paz duradoura e irei me encontrar com Zelensky e com colegas europeus depois de voltar dos EUA”, avançou.
Ressaltando o respeito pelos Direitos Humanos desenvolvido pelos europeus, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, recordou o porquê da Espanha ter desde o primeiro momento em auxílio da Ucrânia. “Para defender a sua liberdade e a sua independência, mas também para defender a segurança européia. E nós do governo da Espanha vamos continuar a apoiar a Ucrânia”, completou.
Já Donald Tusk, o primeiro-ministro da Polônia, um dos principais aliados de Kiev, deixou o alerta para os novos tempos, dizendo que as relações da Europa com os EUA entraram numa nova fase. “Todos os participantes nesta reunião percebem que a relação transatlântica, a Aliança do Atlântico Norte e a nossa amizade com os Estados Unidos entraram numa nova fase, todos vemos isso”, adiantou.