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GUERRA

Israel diz que libertará detidos palestinos se Hamas devolver corpos sem cerimônia

Tel Aviv quer garantias de que o grupo não realizará a entrega com encenações e um cerimonial de desfile de caixões como fez anteriormente

Publicado: 24/02/2025 às 17:14

Combatentes palestinos e do Hamas se reúnem pouco antes da libertação de três reféns israelenses como parte da sétima troca de reféns-prisioneiros/Foto: Eyad BABA/AFP

Combatentes palestinos e do Hamas se reúnem pouco antes da libertação de três reféns israelenses como parte da sétima troca de reféns-prisioneiros/Foto: Eyad BABA/AFP

O governo israelense informou aos países mediadores Egito e Catar que está disposto a libertar os mais de 600 prisioneiros, que deveria ter soltado no sábado conforme o acordado, se o Hamas devolver hoje os quatro corpos que deveria libertar esta semana. “Israel também pressiona Cairo e Doha para que o Hamas liberte mais reféns vivos antes da próxima fase”, revelou uma fonte anônima.

Tel Aviv exige e quer garantias também que o grupo não realize a entrega com encenações e um cerimonial de desfile de caixões como fizeram com os corpos da família Bibas e de Oded Lifshitz.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, já disse no fim de semana que a libertação de prisioneiros palestinos seria adiada até que o Hamas acabasse com as "cerimônias humilhantes" para os reféns libertados. Os dois lados se acusam de violar os termos do acordo de trocas, que está a poucos dias de encerrar a primeira fase.

Netanyahu, além disso, afirmou hoje que o exército está pronto para retomar os combates a qualquer momento na Faixa de Gaza, onde a frágil trégua está em vigor há pouco mais de um mês. “Estamos prontos para retomar os combates intensos a qualquer momento, os nossos planos operacionais estão prontos. Em Gaza, eliminamos a maior parte das forças organizadas do Hamas. Alcançaremos plenamente os objetivos da guerra, seja através de negociações ou de outros meios”, indicou.

No entanto, o Canal 12 noticiou que altos funcionários de segurança israelense expressaram oposição à decisão de Netanyahu de adiar a libertação dos prisioneiros palestinos e alertaram que ela tem o potencial de prejudicar a continuidade do acordo e colocar em risco os esforços para libertar os reféns. 

Enquanto isso, o enviado especial dos Estados Unidos ao Oriente Médio, Steve Witkoff, deve fazer uma nova visita à região essa semana, visando ampliar os resultados da primeira fase e avançar em direção as negociações da segunda fase do acordo de cessar-fogo.

Já Washington manifestou apoio total a Israel na decisão de postergar a libertação dos  prisioneiros palestinos. Segundo um comunicado do porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Brian Hughes, o adiamento é a resposta apropriada ao tratamento dado pelo Hamas aos reféns.  “O presidente Donald Trump está preparado para apoiar Israel em qualquer ação que escolha em relação ao Hamas”, acrescentou Hughes.

Por sua vez o porta-voz do Hamas em Gaza, Hazem Qassem, declarou que o grupo se mostrou disposto a aceitar as exigências dos intermediários em relação às cerimônias de libertação dos reféns. Mas,  o Hamas anunciou que não vai realizar novas conversações com Israel através dos mediadores enquanto não forem libertados mais prisioneiros palestinos. Um alto oficial do Hamas, Basem Naim, avisou que esta é a nova política do grupo, que estabelece o cumprimento das regras por parte de Israel. “Antes de avançar para o próximo passo, temos de ter a certeza de que o passo anterior, que foi a libertação de 620 prisioneiros, já foi libertado. Porque Netanyahu está claramente enviando mensagens fortes de que está sabotando intencionalmente o acordo e está a preparar o ambiente para o regresso à guerra. Por isso, quais são as garantias de que ele poderá tomar os outros quatro corpos e voltar a não libertar o número acordado de palestinos mais os 620 palestinos?", questionou.

“Estamos prontos para entregar o governo da Faixa de Gaza a qualquer órgão palestino que represente todos os palestinos, um governo de unidade, um governo tecnocrático, um órgão especial formado apenas para gerir a Faixa de Gaza em cooperação ou em coordenação ou como referência com o governo de Ramallah, estamos prontos para fazê-lo. Infelizmente, todas estas propostas foram rejeitadas pela direção da Autoridade Palestina em Ramallah. E nós dissemos que eles podem vir e terão todas as facilidades para gerir tudo dentro da Faixa de Gaza”, completou Naim.

Até o momento existem 63 reféns em Gaza e as autoridades de segurança de Israel avaliam e estimam que pelo menos 32 estejam mortos.
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