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ENCONTRO
Guerra da Ucrânia estará no centro do debate da Conferência de Segurança de Munique
Os EUA estão representados no evento pelo seu vice-presidente, JD Vance, com quem Volodymyr Zelensky se reunirá à margem da conferência
Publicado: 14/02/2025 às 13:03

O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, fala no palco durante a 61ª Conferência de Segurança de Munique/Foto: Michaela STACHE/AFP
Nesta sexta-feira (14) teve início a Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, que conta com a presença de mais de 60 líderes mundiais. A agenda será marcada pela discussão da guerra na Ucrânia e a possibilidade de serem iniciadas negociações para a paz.
Na véspera, o presidente norte-americano, Donald Trump, disse que a cidade alemã seria o cenário de uma reunião entre representantes dos Estados Unidos, da Ucrânia e da Rússia. No entanto, Moscou e Kiev negaram qualquer encontro.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, à margem da Conferência de Segurança de Munique, já se reuniu com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com o presidente do Conselho Europeu, António Costa.
Zelensky também alertou que a Rússia poderá atacar alvos da Aliança Atlântica no próximo ano, caso não seja dissuadida. Ele argumentou ainda favor das garantias de segurança que têm de ser dadas à Ucrânia como parte de quaisquer conversações de paz com a Rússia e que a perspectiva de adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte, (OTAN) é uma questão secundária e que o mais importante são as garantias essenciais de proteção da população.
"O que eu não quero é deixar os ucranianos sem garantias de segurança. Não podemos aderir à OTAN neste momento? Tudo bem, mas vamos multiplicar o meu exército. A Rússia pode avançar para a Ucrânia, ou para a Polônia ou para os países bálticos, e penso que essa é a ideia de Putin. E penso que tudo o que tenho dos serviços secretos é que Putin está preparando a guerra contra os países da OTAN no próximo ano. É isso que eu penso, não sei, não tenho cem por cento, mas Deus nos abençoe, vamos parar este louco", declarou.
O líder ucraniano acrescentou que a Ucrânia negociará com a Rússia quando Washington, Kiev e os seus aliados tiverem uma posição comum. “Estamos prontos para falar com os EUA e os nossos aliados. Se nos derem respostas específicas aos nossos pedidos específicos e se houver um entendimento comum do perigo Putin, então, com esta posição unificada, estaremos prontos para falar com os russos. Estamos prontos para qualquer construção para travar Putin. Estamos abertos, mas queremos atuar no âmbito do Direito Internacional. Já comunicamos todas estas informações aos americanos”, destacou.
Além disso, Zelensky sublinhou que Trump não tem um “plano pronto” para acabar com a guerra e que ele quebrou o status quo e o isolamento do Ocidente em relação a Putin ao lhe telefonar e declarar o início das negociações. “Seria muito estranho se Trump estivesse inclinado a aceitar as condições da Rússia para pôr fim ao conflito na Ucrânia” considerou.
Os EUA estão representados na Conferência pelo seu vice-presidente JD Vance, com quem Zelensky se reunirá à margem da conferência, num encontro previsto para o final da tarde de hoje. O presidente ucraniano reconheceu a importância essencial dos EUA e espera discutir a situação atual com Vance e que o país ratifique o apoio à Ucrânia por uma questão de princípio. “Penso que os EUA não estão numa posição de mediador. Penso que estão por cima. E devem estar do nosso lado porque foi à Rússia que nos atacou. Nós temos razão e eles estão errados. E não deve haver concessões de qualquer tipo aqui. Será muito interessante ouvir o que Vance pensa. Temos o maior respeito por toda a equipe do presidente, embora compreenda que há decisões que só ele pode tomar. Mas é claro que esta reunião com Vance é necessária”, concluiu.