Novo presidente interino da Síria diz que almeja paz civil e unidade territorial

Em seu primeiro discurso à nação, o presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, afirmou que pretende dar prioridade à paz civil e completar a unidade territorial" no país.

Al-Sharaa também acrescentou que irá realizar uma conferência de diálogo nacional e que a soberania síria deverá permanecer sob uma única autoridade, em um país marcado pela a guerra que durou quase 14 anos, fragmentou e dividiu várias regiões e que ainda mantém focos de violência armada no norte e sul do território.

"Anunciaremos nos próximos dias uma comissão para preparar a conferência de diálogo nacional, uma plataforma direta para discussões, para ouvir diferentes pontos de vista sobre o nosso próximo programa político. Outra comissão será criada para formar um conselho legislativo restrito, substituindo o parlamento, que foi dissolvido na última quarta-feira”, declarou

Além disso, para o atual líder sírio será preciso processar os criminosos que derramaram sangue sírio e cometeram massacres e crimes, quer estejam presentes no país ou no exterior e se comprometeu com uma verdadeira justiça de transição.

Depois de quase dois meses após a queda do regime autoritário de Bashar al-Assad, Ahmed al-Sharaa indicou que após estas etapas anunciadas no discurso, haverá  uma declaração constitucional, que deve servir como referência legal durante o período de transição, substituindo a lei revogada que estava em vigor desde 2012.

O presidente interino da transição foi nomeado pelos chefes dos grupos rebeldes que derrubaram Assad e ficou encarregado de formar um conselho legislativo interino.  "Foi-me atribuída à responsabilidade do país, após intensas consultas com especialistas jurídicos, para garantir um processo político em conformidade com as normas legais, de modo a obter a legitimidade necessária", garantiu.

Numa série de anúncios realizadas nessa semana, as novas autoridades sírias, lideradas pelo ex-grupo rebelde Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), de al-Charaa,  suspenderam a Constituição em vigor e dissolveram as Forças Armadas, as atividades do Parlamento, os grupos armados existentes e o partido Baas, de Assad, que estava no poder há mais de 60 anos.

Apesar das antigas ligações com grupos terroristas, o novo poder sírio busca tranquilizar  e estabilizar o país e a comunidade internacional, manifestando mensagens de integração da diversidade política e religiosa do país. Mas, o Estado ainda enfrenta a persistência de combates no norte da Síria entre forças apoiadas pela Turquia e grupos dominados pelos curdos e a presença de tropas israelenses no sul, em violação da zona desmilitarizada junto da fronteira entre os dois países.